Em entrevista à CONIB, a advogada e escritora Milena Gordon Baker fala dos avós e das histórias contadas à mesa, da luta contra o preconceito e pela criminalização da negação do Holocausto. “Tenho muito orgulho de ser judia, inclusive parte do meu trabalho aqui, nos Estados Unidos, onde tenho dado muitas palestras sobre o Holocausto e antissemitismo, é fazer com que o meu povo – o povo judeu - não sofra o que eu sofri”, diz ela ao se declarar obcecada pelo tema do Holocausto.
Fascínio pela História
Milena Gordon Baker é fascinada por História. O interesse vem de longe. Foi despertado pelas histórias que o avô contava sobre a Segunda Guerra Mundial e a saída da família da França. Desde cedo, ela ainda menina entendeu, só pelo tom com que a história era narrada, que o campo de concentração que o avô mencionava não era um lugar bom. E a curiosidade cresceu com ela, desejosa de entender melhor os relatos familiares que integravam a crônica e a identidade familiar.
Da infância para cá, Milena conheceu melhor não apenas as histórias ligadas à Segunda Guerra e ao Holocausto. Ao seu interesse, somaram-se outros conflitos, outras minorias, outros oprimidos. Questões territoriais, populações refugiadas e/ou apátridas, além de outras opressões e violências, em especial àquelas endereçadas contra mulheres.
O Holocausto sob a ótica do direito penal
O Holocausto é tema recorrente na vida e na carreira. Ela sente necessidade de encontrar explicação para o evento que afetou a vida da família e é ferida histórica. Em Criminalização da Negação do Holocausto no Direito Penal Brasileiro, livro de sua autoria, Milena propõe uma análise da negação do Holocausto, a partir da perspectiva oferecida pela intolerância e pelos discursos de ódio, especificamente no âmbito do direito penal. Esta não é sua única obra: ela também escreveu, por exemplo, A tutela da mulher no direito penal brasileiro, que apresenta um estudo interdisciplinar da violência contra a mulher, exercida pelo simples fato de ser mulher. O livro questiona e analisa, mediante um enfoque inédito do Direito Penal, as soluções ou instrumentos que visem erradicar a violência contra as Mulheres.
