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09.05.24 | Mundo

“Nome impróprio”

Em artigo publicado no site UOL nesta terça-feira (7), o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, analisa a retórica de ódio em manifestações pró-palestinos em universidades americanas e destaca: “Temos que olhar a democracia e os direitos de liberdade - e isso não está na agenda dos protestos patrocinados pelo fanatismo que só constrói intolerância”.

O que vem acontecendo nas universidades americanas não são protestos pró-Palestina. Se fossem, teriam que pedir a rendição do Hamas, a queda da ditadura iraniana, o fim do fanatismo e a voz pela liberdade e pela democracia.

De fato, o que ocorre em algumas das mais importantes instituições de ensino dos Estados Unidos são manifestações de ódio a Israel e aos judeus. O objetivo dos idealizadores desses atos é destruir a única democracia do Oriente Médio. Seria o primeiro passo de um plano mais amplo e ambicioso, que passa pelo enfrentamento de modelos de sociedade e que nada tem a ver com resistência ou solidariedade aos oprimidos.

É mais do que paradoxal: ultrapassa os limites do absurdo assistir, por exemplo, manifestantes LGTBQI + empunhando a bandeira de um movimento que os persegue e para o qual o amor entre homens ou entre mulheres é crime, passível de punição por pena de morte.

Pode parecer ingenuidade, mas prefiro pensar que os jovens de Nova York, Boston e Chicago que entoam cânticos racistas, no fundo, não sabem o que estão fazendo. Mas muitos de seus professores, reitores e financiadores sabem. Durante anos, quem deveria agir se omitiu do combate ao discurso de ódio, fantasiado de uma falsa "liberdade de expressão". Criticar as ações do governo de Israel é algo legítimo. Isso, aliás, acontece todos os dias em Tel Aviv.

Quem tenta fazer o mesmo em Gaza, controlada pelo Hamas, ou em Teerã, corre o risco de ser preso ou executado.

Liberdade não é pregar e aplaudir uma tentativa de extermínio. Nunca foi e nunca será. O nome disso é crime. É inaceitável tolerar pedidos de aniquilamento de qualquer grupo - religioso, político ou étnico. É isso, no entanto, o que está acontecendo nas universidades americanas.

Se fossem manifestações pró-Palestina, haveria nelas muitos judeus - atos que defendem a solução de dois Estados são comuns em Israel e contam com apoio de muitos judeus brasileiros.

É nítido que tanto o financiamento dos acampamentos nos campi americanos quanto a estratégia utilizada são pensados e liderados por esquemas profissionais, que operam desde fora dos EUA. Isso não é novidade - mas foi preciso que o copo transbordasse para que os gestores das universidades e as autoridades públicas se movessem, motivados, em grande parte, por legítimas pressões da própria sociedade americana.

Caiu a ficha: filhos que saem de casa defendendo valores fundamentais das sociedades livres voltam radicalizados. E as famílias pagam caro por isso, concreta e simbolicamente. E a sociedade também (talvez ainda mais caro).

Quando chamamos os atos de violência antissemita de "manifestações pró-Palestina", não estamos apenas agredindo alunos judeus, Israel e seus habitantes. Estamos comprometendo o futuro dos próprios palestinos que anseiam por um país livre e que conviva em paz com seus vizinhos.

Quem só olha para a árvore não enxerga a floresta. A chance de alcançar a Justiça é maior para quem vê o todo, não somente uma parte. Temos que olhar a democracia e os direitos de liberdade - e isso não está na agenda dos protestos patrocinados pelo fanatismo que só constrói intolerância.


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