14.06.24 | Brasil
CONIB e FISESP lançam relatório inédito sobre o aumento do antissemitismo no Brasil
A CONIB e a Fisesp lançaram nesta terça-feira (11) relatório inédito que mostra dados alarmantes sobre o crescimento do antissemitismo no Brasil, especialmente após os ataques terroristas do Hamas a Israel em 7 de outubro e de declarações antissemitas por parte de autoridades. “Me preocupa a construção de uma sociedade beligerante. Por isso, é importante documentar e divulgar esses dados, para que a sociedade não normalize o discurso de ódio. E combater o discurso de ódio é um dos maiores desafios que a sociedade tem”, destacou o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, na abertura do evento, no clube A Hebraica de São Paulo e que contou com a presença de jornalistas e de líderes da comunidade judaica.
Para Claudio Lottenberg, é importante educar, conscientizar, dialogar e atuar em campanhas para combater o antissemitismo e o discurso de ódio. E citou o Brasil como exemplo de país que acolheu povos de diferentes origens. “Temos a responsabilidade com as gerações futuras de construir uma sociedade que seja melhor”, concluiu.
O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, pontuou que “mais do que combater o antissemitismo é importante combater o racismo e a ignorância”. E lembrou uma frase de Lottenberg em que ele diz que “o antissemitismo começa com os judeus, mas não se limita a esse grupo”. Knobel destacou o importante papel do DSC (Departamento de Segurança Comunitária) e defendeu a educação nas escolas e universidades como um caminho contra o avanço da intolerância.
O diretor geral da CONIB, Sergio Napchan, abordou aspectos do discurso de ódio e citou um trabalho conjunto da CONIB com a FGV-SP no desenvolvimento de pesquisa e tipificação sobre o tema. Citou a falta de legislação específica sobre o tema, mas destacou que, diferentemente dos Estados Unidos, o Brasil tem meios de coibir o discurso de ódio. Citou ainda a definição de antissemitismo de IHRA (Aliança Internacional para Memória do Holocausto) e elogiou a adesão de cidades e estados brasileiros à Aliança.
Leslie Sasson, do DSC, falou sobre como foi elaborado o relatório e como são classificadas as denúncias que chegam através dos canais competentes – da CONIB, Fisesp e da Plataforma sobre Antissemitismo.
Joana Zlot, gestora de Comunicação da CONIB, destacou os dados alarmantes no número de casos desde o 7 de outubro: “Entre 1º de outubro e 31 de dezembro do ano passado foram registradas 1.119 denúncias, um aumento de quase 800% sobre as 125 denúncias do mesmo período de 2022. Somente em novembro de 2023, foram 18 por dia, 18 vezes mais do que a média de 2022”.
No ambiente online, de acordo com o relatório, as plataformas Instagram (43% dos registros) e “X” (32%) concentram o maior número de situações. O acompanhamento também revela picos de interações de cunho antissemita nesses ambientes quando autoridades ou influenciadores expressam ideias anti-Israel.
Leia abaixo a íntegra do relatório.