Jaime Benchimol fala sobre a acolhida dos judeus no norte do Brasil e a boa convivência entre povos de diferentes origens na região - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Foto: Divulgação CONIB

27.06.24 | Brasil

Jaime Benchimol fala sobre a acolhida dos judeus no norte do Brasil e a boa convivência entre povos de diferentes origens na região

Em entrevista à CONIB, o empresário e cônsul honorário de Israel para o Amazonas, Roraima e Rondônia, Jaime Benchimol, fala sobre a acolhida dos primeiros judeus na região norte do Brasil vindos, principalmente, do Marrocos. “Aqui vivemos em paz e harmonia com pessoas de diferentes origens que compõem o tecido social e étnico da região, inclusive com as comunidades árabes e sírio-libanesas”.

A adesão ao conceito de antissemitismo da IHRA

A presença judaica no Amazonas tem 200 anos. Isso faz com que tenhamos criado raízes aqui. Nós fomos muito bem acolhidos aqui. Então, para nós, quando sentimos a necessidade de nos manifestarmos em razão do crescimento do antissemitismo no Brasil e no mundo e, agora como cônsul honorário de Israel para a região, eu vejo isso como uma oportunidade de prestar algum serviço a Israel. Assim, fizemos contato com esses três governadores – de Roraima, Rondônia e Amazônia. E o que me surpreendeu nesse processo foi a facilidade com que encontramos apoio e solidariedade por parte das autoridades com relação a esse tema (a adesão à definição de antissemitismo da IHRA – Aliança Internacional para a Memória do Holocausto).

Em todos os três estados nos tivemos não só o apoio, com a adesão ao concento de antissemitismo da IHRA, mas também promovemos a realização de acordos de cooperação com Israel nas áreas de ciência, tecnologia, técnicas para a agricultura e de segurança pública. Foram acordos abrangentes.

Em Roraima, o governador (Antônio Denarium) abraçou a causa depois de um único contato. Ele se mostrou muito aberto à causa e nesse ambiente o judaísmo é aceito com mais facilidade. É muito bom lidar com pessoas abertas para o mundo, desejosas de promover o crescimento.

E isso aconteceu tanto em Roraima quanto em Rondônia, com o governador Coronel Marcos Rocha, que se diz um admirador de Israel. Ele é da comunidade, assim como o Antônio Denarium. Ele tem parentes em Israel e conhece o país.

É importante destacar que o trabalho da Embaixada de Israel foi muito importante em todo esse processo, porque em algum momento eles já tinham levado o (governador) Marcos Rocha para fazer uma visita a Israel. Também o trabalho da deputada federal Cristiane Lopes foi essencial para concretizar essas iniciativas. Embora esteja em seu primeiro mandato, a atuação dela junto aos governos foi muito importante.

Casos de antissemitismo

Existe aqui uma comunidade árabe, a maior parte de origem sírio-libanesa, são cristãos, e de uns 20-30 anos para cá tem aumentado também o número de muçulmanos, inclusive de palestinos, na região. Depois que eclodiu a guerra (Israel-Hamas) houve duas ocasiões em que ocorreram protestos. Mas acredito que foi mais pela presença de palestinos que provavelmente ainda têm parentes lá (em Gaza) e que podem estar sendo impactados de alguma forma pela guerra.

Mas há também uma presença forte e indutora de grupos mais de extrema esquerda, que podem estar envolvidos e incitando esses protestos. É um pouco daquilo que se viu no mundo inteiro, das ações em universidades, em favor dos palestinos. Esse movimento aconteceu tanto na universidade estadual como federal, com um ou dois dias de protesto.

Mas os protestos foram voltados mais contra os efeitos da guerra do que propriamente contra os judeus. Aqui não tem havido qualquer protesto contra judeus e nem contra o Estado de Israel.

Adesão à IHRA na região norte

A sequência das assinaturas desses acordos tem também foco na educação, com a realização de palestras ministradas tanto para os órgãos de segurança para que entendam o que é uma manifestação de antissemitismo e possam agir de acordo com essa necessidade, como também para o Poder Judiciário, para alertá-los sobre como tratar e conduzir questões dessa natureza. Essas ações ainda estão em curso e, em conversa com o embaixador (de Israel), soube que também há ações educativas em outros estados que aderiram à definição de antissemitismo da IHRA. Há um movimento junto às Secretarias de Educação e Cultura para divulgar esse conceito nas escolas, como forma de prevenir atos antissemitas. E, diante da atual situação (de antissemitismo no Brasil e no mundo), essas iniciativas de buscar esse apoio de adesão dos estados brasileiros ao conceito da IHRA são muito importantes e oportunas.


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