02.10.24 | Brasil
Debate sobre documentário "Gritos antes do silêncio" discute o ódio aos judeus e às mulheres judias
Em evento que reuniu cerca de 40 pessoas no auditório do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo na noite desta terça-feira (1) com a exibição do documentário "Gritos antes do silêncio" (Screams before Silence), de Anat Stalinsky, a jornalista Mariliz Pereira Jorge, a psicóloga Alexandra Nigri e a advogada e diretora da CONIB Andrea Vainer expressaram “perplexidade” com as cenas que mostraram depoimentos de mulheres vítimas de estupros e outras atrocidades cometidas pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro. O evento foi uma iniciativa da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e da StandWithUs Brasil e contou com a apresentação do diretor executivo da CONIB, Sergio Napchan, e com a mediação da jornalista Sabrina Abreu, diretora de Comunicação e Cultura da StandWithUs Brasil.
“A sensação é de que retrocedemos”, afirmou a jornalista e colunista da Folha de S.Paulo Mariliz Pereira Jorge.
Andrea Vainer destacou que demorou muito para que o mundo reconhecesse o estupro como crime de guerra. “Isso só ocorreu em 1994 com o genocídio em Ruanda (em que 800 mil pessoas foram massacradas)”. Também lembrou o negacionismo e a demora de organizações internacionais, como a ONU, em reconhecer os crimes de estupro e outras atrocidades cometidas contra mulheres pelo Hamas em 7 de outubro.
“Por que paira a dúvida sobre o que o Hamas fez em 7 de outubro?”, perguntou Sabrina Abreu à psicóloga Alexandra Nigri. “Porque o estupro é algo inaceitável, inclusive para os próprios muçulmanos”.
Mariliz contou que foi a Israel a convite do StandWithUs e disse que ficou chocada com o que viu e ouviu lá sobre os ataques. “Talvez leve anos para que o mundo reconheça o que aconteceu naquele dia”, disse ela ao lembrar a frase que diz que “numa guerra a primeira vítima é a verdade”. “Ao longo da última década falamos muito sobre a questão da credibilidade da vítima e o que vemos é que essa questão ainda é muito forte. Ao recorrer ao estupro como arma de guerra, o inimigo usa o corpo da mulher como um troféu e, no caso do 7 de outubro, ainda mais porque além de fazerem isso com mulheres, fizeram com mulheres judias”, enfatizou.
“O antissemitismo está tão arraigado e é tão pernicioso quanto os argumentos machistas que culpam as vítimas. O negacionismo do 7/10 se equipara ao negacionismo do Holocausto”, pontuou Andrea Vainer.
Alexandra Nigri afirmou que o que mais a marcou nos depoimentos foi o ódio contra o povo judeu. “Os depoimentos descrevem atos brutais praticados com muito ódio”.
Assista ao documentário em: https://www.playplus.com/detalhes/448701