Em entrevista à CONIB, atleta paralímpico fala sobre desafios, acessibilidade e participação nos Jogos de Paris - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Foto: Divulgação CONIB

31.10.24 | Brasil

Em entrevista à CONIB, atleta paralímpico fala sobre desafios, acessibilidade e participação nos Jogos de Paris

Israel Stroh foi o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha individual no tênis de mesa dentro das Paralimpíadas. O atleta conquistou a prata na edição dos jogos do Rio de Janeiro, disputada em 2016. Israel Stroh fala à CONIB sobre a sua história, os desafios que enfrentou e como começou a praticar tênis de mesa. “Comecei brincando, me divertindo com amigos e tomei gosto pelo esporte”. Aos portadores de limitações, pessoas com PCD, ele deixa uma mensagem: “Persistam em seus objetivos, porque, apesar das dificuldades, é possível alcançá-los. É um caminho promissor, tanto profissionalmente, como socialmente e pratiquem esporte porque isso melhora a autoestima, a condição fisica e a saúde como um todo”.

Sempre joguei até meus 18 anos ou mais com pessoas sem deficiência. Eu era federado, participava de campeonatos estaduais e nacionais, entre os convencionais e não no movimento paralímpico. Eu não era um jogador de destaque no Brasil, mas estava entre os melhores, entre os de destaque. E quando eu descobri que o meu jeito de caminhar era fruto de uma deficiência física eu já era adulto, tinha 24 anos.

E quando soube que eu poderia atuar no grupo paralímpico eu resolvi fazer disso a minha profissão e é onde estou até hoje. Tenho uma deficiência de nascimento, uma paralisia cerebral moderada, mas eu sempre tive uma rotina saudável, sempre pratiquei esportes. E como sempre fui muito ativo isso deu uma ‘maquiada’ na minha condição. Como eu disse, quando descobri a minha deficiência eu já era adulto e atuava no jornalismo, profissão que escolhi. Foi numa entrevista de emprego que descobri esse diagnostico, foi ‘meio sem querer’.

Isso foi em 2011 e estávamos entrando no ciclo olímpico de 2016 e eu sabendo que poderia entrar no movimento paraolímpico decidi que queria jogar pelo Brasil e é onde estou até hoje

Atuação nos Jogos Paralímpicos de Paris

Essa foi uma competição bastante difícil. A gente teve um trabalho de três anos durante a pandemia. E foi um trabalho muito difícil de três anos sendo avaliado e julgado em função desse evento. E a diferença em relação às competições anteriores foi que essa foi uma prova com eliminatória simples. Então a cada jogada perdida uns ficavam e outros acabavam saindo por rodada.

E eu, nessa condição, senti um pouco mais (a pressão): caí nas quartas de final da competição de dupla, em que fomos cabeça de chave, e nas oitavas na competição individual. E foi muito duro, porque a gente trabalha um ciclo inteiro focado na competição, em que fiquei a um passo da medalha na competição de dupla e mesmo tendo sido medalhista no Rio e ficado a um passo da medalha, tanto no individual como em equipe, em Tóquio. Então a (competição) de Paris ficou com um gostinho um pouco mais amargo.

Campanha do time brasileiro nos Jogos

O Brasil deu um show, fez a melhor campanha de sua história, bateu recordes de ouro, de número de medalhas, pegou um quinto lugar geral e ficou muito acima de seu melhor resultado. É que o Brasil tem as modalidades que são os carros-chefe, como atletismo e natação. Isso deixou o Brasil muito forte. Ficamos em terceiro lugar na classificação geral do atletismo e em quarto ou quinto na natação, ou vice-versa, não lembro bem.

Em Paris, o Brasil se destacou, batendo recordes e isso nos trouxe um nível de exigência ainda maior.

Acessibilidade no País

Penso que o mais importante não é tanto fazer, mas sim saber como fazer. Falta para a sociedade como um todo perceber não apenas a necessidade da pessoa com deficiência de ser acolhida, ter um suporte, mas ter a consciência de que os deficientes são um público consumidor, que tem muito a contribuir, a agregar, e muito conhecimento para pôr em prática em diversas áreas de atuação. Muitas vezes a pessoa com deficiência é vista apenas pela sua limitação, sem o seu potencial ser levado em conta. É claro que essas pessoas necessitam de recursos, de adaptações, para poder mostrar todo o seu potencial. Mas para isso é preciso que esses direitos (à acessibilidade) sejam respeitados para que essas pessoas possam se desenvolver e crescer no mercado de trabalho, em qualquer área de atuação. Penso que a sociedade tendo essa consciência esses recursos virão naturalmente.

Mensagem

A minha mensagem às pessoas com PCD é a de que persistam em seus objetivos, porque, apesar das dificuldades, é possível alcançá-los. É um caminho promissor, tanto profissionalmente, como socialmente. Eu pretendo me dedicar ao tênis de mesa para os jogos de Los Angeles e conquistar essa medalha que nas duas últimas competições eu não consegui trazer. Além disso, a minha atividade física vai ser o meu bem-estar. E eu recomendo: tendo ou não uma deficiência, pratiquem esporte porque isso melhora a autoestima, a condição física e a saúde como um todo. Façam isso profissionalmente ou não porque os ganhos são grandes. Com alto rendimento ou não sempre vale a pena!


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