Ato em Memória da Kristallnacht reúne líderes da comunidade, representantes do governo alemão e sobreviventes do Holocausto em São Paulo - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Fotos: Felipe Araujo

14.11.24 | Brasil

Ato em Memória da Kristallnacht reúne líderes da comunidade, representantes do governo alemão e sobreviventes do Holocausto em São Paulo

O Memorial do Holocausto realizou neste domingo (10) Ato em Memória da Kristallnacht – a Noite dos Cristais Quebrados -, em evento que contou com a presença de sobreviventes do Holocausto, líderes da comunidade judaica, entre eles o vice-presidente e o diretor da CONIB, Luíz Kignel e Sergio Napchan, respectivamente; Daniel Bialski; Jacques Griffel; Laura Feldman; da cônsul alemã, Martina Hackelberg, e da ministra da Cultura da Alemanha, Claudia Roth; do cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich; Dika Vidal, secretária adjunta na Secretaria Municipal de Pessoa com Deficiência; da vereadora Cris Monteiro; Dany Cohen, sobrevivente do ataque terrorista a Israel em 7 de outubro de 2023; alunos e professores da Escola Italiana Eugenio Montale e Ruth Sprung Tarasantchi, fundadora e curadora do Museu Judaico de São Paulo.

Claudia Roth foi um dos destaques do evento. Em um discurso firme e impactante, proferido em alemão com tradução simultânea, a ministra reiterou o compromisso do governo alemão com o combate ao antissemitismo e falou da vergonha de seu país pelo seu passado. “Como representante do governo alemão, me sinto muito honrada em estar aqui neste momento, 86 anos após a Noite dos Cristais na Alemanha, para falar sobre esse episódio. Temos uma responsabilidade histórica para com os judeus e Israel. Este é um evento de muita tristeza para vocês e de muita vergonha para nós, alemães. Em 9 de novembro de 1938 atos inconcebíveis ocorreram na Alemanha diante dos olhos de todos. Grupos armados perseguiram, maltrataram e mataram judeus nas ruas da Alemanha; saquearam e destruíram casas e lojas e incendiaram sinagogas e impediram que os bombeiros apagassem os incêndios. Iniciou-se aí uma jornada para o inferno em direção ao abismo. E para que esse abismo não se abra novamente precisamos olhar com cuidado para os fatos e entender o que aconteceu. O povo alemão assistiu a tudo isso passivamente e para que isso nunca mais aconteça temos que lembrar esse dia, precisamos estar atentos ao presente e cuidar uns dos outros, precisamos nos respeitar como seres humanos e sermos humanos. O que começou com a ascensão dos nacionais socialistas ao poder, em 1933, e terminou com o assassinato sistemático de mais de seis milhões de judeus pela Alemanha em toda a Europa não pode se repetir. A Alemanha atual tem uma responsabilidade muito grande, em relação a sua história. Precisamos lembrar do Holocausto, precisamos nos engajar na luta contra o antissemitismo em nosso país, precisamos lutar contra o racismo e contra a perseguição de minorias na Alemanha, Europa e no mundo inteiro”, destacou a ministra.

Luiz Kignel falou sobre a importância de marcar a data para que os acontecimentos desse episódio nunca mais se repitam. Kignel cumprimentou o Memorial do Holocausto pela realização de mais um ato memorável que, além de educar, convida à reflexão sobre a nossa humanidade e a importância de defendê-la. "A resposta judaica aos grupos de ódio não é fomentar violência, mas seguir dialogando, defendendo nossos interesses e explicando de maneira clara e objetiva o nosso apoio incondicional ao Estado de Israel. E o fazemos como judeus brasileiros orgulhosos do país em que vivemos", completou Kignel.

Margot Rotstein e Stefan Lippmann, sobreviventes do Holocausto, disseram que ainda se lembram do barulho estridente dos vidros quebrando, do bater das botas dos oficiais nazistas, dos gritos e dos pertences quebrados na noite entre 9 e 10 de novembro de 1938. Por conta deste episódio, as famílias Rotstein e Lippmann deixaram para trás suas casas e embarcaram numa longa e difícil fuga da Alemanha nazista, na luta pela sobrevivência. “Não pudemos levar nada”, relembrou Margot, que teve sua entrada no Brasil rejeitada pelo governo Getúlio Vargas. “É fundamental que as novas gerações conheçam este passado”, ressaltou Stefan Lippmann.

O ato em memória à Kristallnacht foi um evento realizado pelo Memorial do Holocausto de São Paulo, em parceria com a CONIB, StandWithUs Brasil, Federação Israelita do Estado de São Paulo e Museu Judaico de São Paulo.

Ato em Memória da Kristallnacht reúne líderes da comunidade, representantes do governo alemão e sobreviventes do Holocausto em São Paulo - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Ato em Memória da Kristallnacht reúne líderes da comunidade, representantes do governo alemão e sobreviventes do Holocausto em São Paulo - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
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