Manifesto da CONIB estimula o fortalecimento, a coragem e a resiliência da comunidade diante de desafios - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

05.12.24 | Conib em ação

Manifesto da CONIB estimula o fortalecimento, a coragem e a resiliência da comunidade diante de desafios

A CONIB lançou um Manifesto em favor de um envolvimento maior das pessoas em iniciativas da comunidade. O Manifesto, lido pelos diretores da CONIB no palco do Teatro Arthur Rubinstein, do clube Hebraica de São Paulo, durante a 55ª Convenção da instituição, no último dia 24, tem forte apelo à participação, compromisso, atitude, superação e responsabilidade. Leia a seguir alguns trechos do Manifesto:

Aqui conclamamos todos a pertencer à CONIB, não apenas institucionalmente, mas participar afetivamente deste amplo e diverso organismo também conhecido como comunidade judaica. É fundamental compreender que cada pessoa pode e deve agir independentemente das instituições. São cinco as palavras que norteiam este manifesto: participação, compromisso, atitude, superação e responsabilidade.

Como o povo do livro, nossa mensagem pode ser sintetizada da seguinte forma: cada sujeito precisa encontrar sua versão pessoal da cultura judaica. O idish keith. E para cada uma delas devemos escolher uma voz particular, evocada sob uma entonação particular. A cultura judaica a­rmou-se como uma cultura da voz: isso explica por que Shemá Israel é mais grito de guerra do que uma invocação.

O compromisso é fazer com que a tradição esteja sempre viva, que fale de novo, expressando algo novo. Rachel, a mãe de Hersh Goldberg-Polin de 24 anos, foi até a fronteira de Gaza para fazer um apelo pelo ­filho apenas alguns dias ou horas depois que ele havia sido assassinado. Naquele momento, ainda com esperanças, ela fi­nalizou a súplica através de um microfone com estas palavras: “Que você esteja na presença da luz de D-us”. Rachel não sabia, mas ela pressentiu, ele já estava. Preferimos dar prioridade ao presente, e ao sentido. E o que faz sentido hoje é opor-se ao ódio e combater a intolerância.

Se o objetivo do terror é nos igualar ao vil que ele representa, nosso triunfo será propagar o oposto. A licenciosa cumplicidade com os agressores merece ser imediatamente interrompida. E que ­que anotado, nossa história é testemunha: mesmo sob fogo pesado repudiamos a crueldade e a desumanização. Ao identi­ficar a violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias e pseudodemocracias demos um passo importante para denunciar ao mundo a psicopatologia dos fanáticos. E denunciar a consentida psicose política antissemita que infelizmente contaminou algumas instituições e governos.

Mesmo sabendo da grande mitzvá de que é nossa obrigação sermos acolhedores com estranhos, como justifi­car nossa compassividade com pessoas que nunca vimos? Há somente uma explicação plausível: somos um só corpo. Alguém escreveu que só o improvável tem alguma chance de ser possível: pois acaba de acontecer. A recente tragédia desencadeou uma inesperada e bem-vinda ignição coletiva entre os judeus. Talvez mais ampla, entre as várias civilizações. A chama se espalhou e nos fez penetrar juntos numa espécie de contágio benévolo. Uma união que mudou o status quo das comunidades judaicas pelo mundo, um rastilho agudo de consciência súbita emergiu do escárnio. E tal resposta não veio apenas de judeus. Juntaram-se vozes de outras etnias, de todas as ideologias, nacionalidades e religiões. Não, não se trata do lado certo da narrativa, mas do lado justo da história. A flama desencadeou uma resposta contraintuitiva da diáspora: no lugar de enfraquecimento, covardia e depressão, vimos despontar fortalecimento, coragem, superação.

Mas a memória só pode ser constante e se fazer presente enquanto tivermos atitude. Para que? Não apenas estudá-la e pesquisá-la, mas introjetá-la, mantê-la viva dentro de nós e agir de acordo. O que nos conecta aos reféns mantidos cativos pelos inimigos da humanidade, aos enlutados, aos que correm para os bunkers? Compromisso. Participação, portanto, é tornar-se parte. Somos fagulhas que pertencem à grande tocha sagrada. E já como rios acesos percorremos longas e tortuosas distâncias até alcançar o generoso afluente da continuidade.

Uma união que caminha junto com a responsabilidade. Não qualquer responsabilidade, mas uma consciência que nos transcende, e cujo dever absoluto é transmiti-la às próximas gerações.

Paulo Rosenbaum, autor do Manifesto em colaboração com a equipe da CONIB, é escritor, médico e doutor em Ciências pela USP. Mestre e Pós-Doutor em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da USP. Criador e editor do Blog “Conto de Notícia”, publicado semanalmente no jornal O Estado de São Paulo.


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