29.03.23 | Brasil
Luta contra o antissemitismo será prioridade para a Federação Israelita do Paraná, diz presidente
Com graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba (2002), Pós-Graduação em Processo Penal pela Universidade Cândido Mendes (2005) e Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania pelo UNICURITIBA (Centro Universitário Curitiba), onde é professor da disciplina de Processo Penal, nos cursos de graduação e pós-graduação, o presidente da Federação Israelita do Paraná, Alexandre Knopfholz, fala à CONIB sobre a sua trajetória na vida comunitária e os objetivos de sua gestão de priorizar a luta contra o antissemitismo. Veja a seguir:
Trajetória na vida comunitária
Estudei na Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, pratiquei esportes no Centro Israelita, participei de Macabíadas. E a minha participação até assumir a Federação Israelita sempre foi no Departamento Jurídico da comunidade, tanto aqui no Paraná, como na CONIB, onde atuo junto à equipe de advogados. Essas são minhas contribuições na vida comunitária. E minha família inteira tem histórico de contribuição à comunidade: meu avô fundou o Dror aqui em Curitiba, meu pai foi presidente da federação. Então eu tenho esse laço bem forte aqui na vida comunitária.
Desafios e conquistas
Nós temos aqui no Paraná uma situação um pouco diferente das outras comunidades, porque nós dividimos a federação em duas frentes: uma que representa a instituição para fora e a Kehilá, que representa a comunidade internamente. Cabe à Kehilá o departamento religioso, a manutenção da escola israelita, e à federação cabe representar a comunidade externamente, junto à imprensa, aos poderes – Judiciário, Executivo e Legislativo - e perante outras religiões. Então temos aqui no Paraná, graças à atuação de gestões anteriores, como a recente administração do Isac Baril, um diálogo inter-religioso muito bom. E sempre tivemos muitos eventos e seminários inter-religiosos que envolviam líderes de diversas correntes e o mais recente aconteceu na sinagoga no começo deste ano de 2023. E esse mérito é do Isac Baril. Assim, a nossa federação se sedimentou como uma participante ativa inter-religiosa e esse legado foi muito bem preparado pelas gestões anteriores, além do bom relacionamento com os poderes, principalmente com o Legislativo e Executivo. Temos vários deputados estaduais e vereadores que nos acompanham e sempre estão juntos com a comunidade no que é necessário, assim como o governo do estado e o prefeito. Enfim, estamos tentando manter todas essas conquistas das gestões anteriores.
E o que buscamos nesta nova gestão é priorizar o combate ao antissemitismo. E, talvez por eu atuar no grupo jurídico da CONIB, temos realizado várias iniciativas nessa direção, na luta contra o antissemitismo, não apenas tomando medidas efetivas, como fizemos no ano passado apresentando às delegacias denúncias de crimes por ofensas raciais, mas também buscando uma aproximação maior com o Ministério Público e com a Secretaria de Segurança do Estado, no sentido de se criar órgãos, como o MP de crimes de ódio. Esse tem sido o nosso foco e o nosso grande desafio dessa gestão.
Sobre a comunidade do Paraná
A nossa comunidade tem cerca de três mil membros. Calculamos serem 800 famílias ao todo e a grande maioria reside na capital, Curitiba. Mas temos também famílias que vivem no norte do estado e, recentemente, filiou-se à nossa federação a Associação Israelita do Norte do Paraná, que é sediada em Maringá. Mas cerca de 80% dos judeus paranaenses vivem em Curitiba.
Origem
Toda a minha família é originária do Leste europeu. Do lado do meu pai tenho avô polonês e avó lituana. Do lado materno são todos da Bessarábia. E hoje eu, minha esposa e meus filhos temos cidadania polonesa por conta dessa origem.
Mensagem
Tenho 42 anos e acho que talvez seja o presidente mais jovem da federação e eu assumi com esse sentimento de responsabilidade e de dever com relação às novas gerações, para que tenhamos uma maior participação nas lideranças comunitárias, e não apenas nos movimentos juvenis, como o Dror, mas sim de efetivas lideranças dentro da federação. Esse foi o meu caminho e esse é o conselho que eu daria aos jovens, porque acho que essa é uma dívida de gratidão que temos com nossos antepassados e uma responsabilidade com as futuras gerações. Essa é uma tendência que ocorre também em outros estados do sul do Brasil. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm essa mesma linha de conduta: a de procurar estimular os jovens a seguirem na liderança comunitária. E a mensagem que eu deixaria é exatamente essa, para que os jovens participem mais da vida comunitária para que possamos perpetuar essa nossa história da comunidade judaica no Brasil.