29.03.23 | Brasil
Skinheads acusados de atacar judeus em Porto Alegre começam a ser julgados
O júri de skinheads acusados de atacar judeus em 2005 em Porto Alegre começou, na manhã de terça-feira (28), com a inclusão de mais três réus. A previsão é de que o julgamento se estenda por esta quinta-feira, podendo terminar na sexta (31).
A sessão é presidida pela juíza de direito Lourdes Helena Pacheco da Silva, titular do 2º Juizado da 2ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre. Durante o júri, serão ouvidas 11 testemunhas, cinco de acusação e cinco de defesa.
Os jovens judeus foram ouvidos no primeiro dia e, na sequência, as testemunhas de acusação. No caso o Ministério Público não arrolou. A assistência da acusação arrolou e foram ouvidas ontem duas: Daniel Fiterman, que mora nos EUA, e Eduardo Tratchtemberg.
A primeira testemunha ouvida foi Guilherme Moura dos Santos, que falou por videoconferência, já que ele mora na Austrália. Ele afirmou que o que aconteceu foi um massacre, uma covardia. A acusação afirma que réus integravam grupo neonazista.
Na sequência serão ouvidas as testemunhas de defesa. Serão cinco. Os réus serão ouvidos só ao final, depois de todas as testemunhas.
Os réus Valmir Dias da Silva Machado Júnior, Israel Andriotti da Silva e Leandro Maurício Patino Braun são acusados de tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e meio cruel, ao atacarem um grupo de jovens judeus. Eles chegaram a ser presos na época do crime, mas foram libertados cerca de cem dias depois, e atualmente respondem em liberdade. As defesas de Silva e Júnior negam envolvimento deles nos fatos. E a defesa de Braun optou por não se manifestar.
O ataque ocorreu na madrugada do dia 8 de maio de 2005, quando Rodrigo Fontella Matheus, Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn caminhavam pela esquina das ruas Lima e Silva e República, no bairro Cidade Baixa. Eles usavam quipás e foram atacados por um grupo de skinheads que estava dentro de um bar quando passavam em frente ao estabelecimento. Rodrigo Fontella Matheus foi golpeado com arma branca, socos e pontapés. Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn também foram atacados pelo grupo, mas conseguiram escapar e buscaram abrigo dentro de estabelecimentos próximos.
Além dos três réus que estão sendo julgados, dois foram condenados em março de 2019 por tentativa de homicídio. São eles Leandro Comaru Jachetti e Daniel Vieira Sperk. Em setembro de 2018, outros três foram condenados por tentativa de homicídio e duas lesões corporais: Thiago Araújo da Silva, Laureano Vieira Toscani e Fábio Roberto Sturm. Além desses, outros cinco réus não foram pronunciados pela tentativa de homicídio e, portanto, não serão julgados pelo Tribunal do Júri.