03.04.23 | Brasil
Júri de skinheads termina com apenas uma condenação; CONIB manifesta esperança de que os demais envolvidos sejam condenados no julgamento de recurso
Após julgamento que durou quatro dias e terminou na madrugada deste sábado (1), integrante de grupo neonazista é condenado a 12 anos de prisão por espancar judeus em Porto Alegre, em 2005. Leandro Maurício Patino Braun, 41, foi condenado a 12 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado, por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Ele teve a prisão preventiva decretada pela juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva. Outros dois acusados, Valmir Dias da Silva Machado Júnior, 43, e Israel Andriotti da Silva, 41, foram absolvidos.
"Inobstante o resultado do julgamento, deve ser destacado o trabalho do Ministério Público e da Federação e os advogados que a representavam no combate a qualquer tipo de intolerância. Aguardemos o resultado do recurso e quiçá a possibilidade de que os réus que foram inocentados, sejam novamente julgados e no futuro, condenados. Esse mal, esse ódio, tem que ter um basta e o braço forte da Justiça deve prevalecer", destacou o vice-presidente da CONIB, Daniel Bialski.
O presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS), Marcio Chachamovich, que também é advogado, disse que esperava mais do júri: “Lamento o resultado do júri. A morosidade do Judiciário (18 anos de processo), contribuiu para esse desfecho”, disse ele.
A advogada Helena Sant’Anna, que atuou como assistente da acusação, também comentou o caso: “Após 18 anos de atuação nesse processo, na assistência às três vítimas, encerramos na madrugada do último sábado, após 4 dias de júri, a etapa de julgamento pelo Tribunal do Júri de 10 Skinheads, com um balanço de condenação de 8 deles, com a decretação da prisão de dois e com perspectivas de que quatro outros, que tiverem seus recursos negados, possivelmente comecem ao cumprimento da pena ainda esse ano, pois pendente apenas o julgamento de recursos do MP no STJ cujo objeto se restringe a majoração das penas. No que diz respeito a absolvição de dois dos réus no último julgamento registro nossa surpresa do resultado no que diz respeito principalmente ao réu Israel, mas já há previsão de interposição de recurso ao tribunal de justiça”.
O ataque ocorreu na madrugada do dia 8 de maio de 2005: Alan Floyd Gipsztejn, Edson Nieves Santanna Júnior e Rodrigo Fontella Matheus caminhavam pela esquina das ruas Lima e Silva e República, no bairro Cidade Baixa, zona boêmia da capital gaúcha, quando foram cercados e atacados. Dois deles usavam quipás e foram atacados por um grupo de skinheads que estava dentro de um bar quando passavam em frente ao estabelecimento. Rodrigo Fontella Matheus foi golpeado com arma branca, socos e pontapés. Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn também foram atacados pelo grupo, mas conseguiram escapar e buscaram abrigo dentro de estabelecimentos próximos.
Em outros julgamentos, em 2018 e 2019, outras cinco pessoas foram condenadas pelo crime.