11.04.24 | Conib em ação
"O mínimo: a verdade!"
Em artigo publicado no portal UOL no domingo (07), o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, convida à reflexão sobre como o radicalismo e a intolerância prejudicam as análises a respeito da guerra contra o Hamas, afastando-as da verdade. Confira na íntegra:
Relativizar é o ato de considerar algo em relação a outros elementos ou contextos, muitas vezes para diminuir sua importância ou impacto absoluto. É olhar para uma situação ou conceito de forma relativa, em vez de absoluta, levando em conta diferentes perspectivas ou circunstâncias.
A expressão "cegueira relativa" é frequentemente associada ao filósofo e sociólogo francês Pierre Bourdieu. Ele a utilizou para descrever a incapacidade das pessoas perceberem as estruturas sociais que moldam suas vidas e influenciam suas escolhas o que significa não reconhecer as influências sociais que agem sobre nós, levando-nos a agir de certas maneiras sem questionar ou compreender completamente a agir de certas maneiras sem questionar ou compreender completamente as razões por trás dessas ações.
Geopolítica é uma disciplina complexa, pois envolve a análise das interações entre política, geografia, economia e poder em escala global.
Embora os conceitos fundamentais possam ser compreendidos, a aplicação prática e a compreensão das nuances geopolíticas geralmente exigem um estudo aprofundado e uma análise cuidadosa das dinâmicas globais. Mas já nem entro nesta dinâmica, pois, de fato, para alguns seja conveniente a miopia que descaracteriza um grupo terrorista como se matar deliberadamente crianças e abusar de mulheres fossem sinais de um braço de resistência: absurdo.
Quem sou eu para questionar faltas de entendimento por parte de uma sociedade? No entanto, me considero um médico comprometido com a verdade.
Por trás do radicalismo e da intolerância geralmente estão uma combinação de fatores, incluindo medo, ignorância, falta de empatia, desigualdades sociais, manipulação política e polarização. As pessoas podem se tornar radicais quando se sentem ameaçadas por mudanças sociais, econômicas ou culturais, e a intolerância muitas vezes surge da incapacidade de compreender ou aceitar pontos de vista diferentes dos seus próprios.
Doze milhões de crianças morreram em Gaza? Somando-se as populações de Gaza e Israel temos onze milhões de pessoas e isto por si traz a dimensão da mensagem. E se ela por si só é um absurdo, pior ainda é a falta de atitude de uma infraestrutura. Ela sim instrumentalizada que não foi corrigida como deveria.
E por que isto?
A "banalização do mal" é um conceito desenvolvido pela filósofa Hannah Arendt em seu livro "Eichmann em Jerusalém: Um Relato sobre a Banalidade do Mal". Arendt usa esse termo para descrever como atos extremamente prejudiciais ou imorais podem ser cometidos por pessoas comuns ou aparentemente comuns, em circunstâncias normais. Ela examina o papel da conformidade social, da obediência cega à autoridade e da falta de pensamento crítico na facilitação do mal. Em resumo, a "banalização do mal" destaca como o mal pode se tornar parte da vida cotidiana sem ser reconhecido como tal.
Estamos nos acostumando com a falta da verdade, nas mínimas e nas grande coisas.
Voltamos ao passado inspirados pela ignorância. Triste para o nosso mundo que segue guiado pela cegueira apagando o real vilão, invertendo o conceito do terrorismo e se seduzindo pelo eixo do mal. Pior: uma mentira que se repete tantas vezes, para os menos avisados torna-se uma verdade.
Nossa responsabilidade: falar a verdade e repeti-la muitas vezes. Isto não é relativizar. É falar a verdade, nossa obrigação.