09.05.24 | Brasil
Presidente da CONIB diz que "versões enviesadas" sobre a guerra despertam "um sentimento antissemita latente em muitas pessoas"
Em declarações publicadas na Folha de S.Paulo, o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, disse que a divulgação de "versões enviesadas" de informações sobre a guerra em Gaza, feita pelo que ele chama de "uma parte grande da imprensa", além de acadêmicos e intelectuais, desperta "um sentimento antissemita latente em muitas pessoas".
"Essa onda antissemita deixa muito claro que o ódio ao Estado judeu, que muitos chamam de antissionismo, é simplesmente a versão contemporânea e mais palatável do antissemitismo. Críticas ao governo de Israel são naturais. Mas ser contra o Estado judeu é ser contra os judeus", afirmou.
De acordo com Rony Vainzof, secretário da CONIB, os casos divulgados no relatório feito pela Universidade de Tel Aviv e pela ONG americana Liga Antidifamação (ADL) foram contabilizados por meio do canal de denúncias da organização e de um monitoramento de redes sociais. Vainzof afirma que foram consideradas inclusive "formas de antissionismo" como antissemitismo
Essa formulação diz que antissemitismo é "uma certa percepção sobre judeus que pode ser expressada como ódio aos judeus". "Manifestações retóricas e físicas de antissemitismo são direcionadas contra pessoas judias e não judias, sua propriedade privada, e contra instituições comunitárias e religiosas judaicas."
A IHRA cita ainda uma série de exemplos que se encaixam nessa designação, alguns deles criticados por especialistas por impedir certas críticas a Israel, o que a ONG nega. A entidade afirma que é antissemita "negar aos judeus seu direito de autodeterminação, ao afirmar, por exemplo, que o Estado de Israel é uma iniciativa racista", e também "aplicar dois pesos e duas medidas ao exigir de Israel um comportamento não esperado de outros países democráticos".
Essa mesma definição foi utilizada pela Câmara dos Deputados dos EUA no último dia 1º, quando aprovou um projeto de lei determinando que a classificação também fosse adotada pelo governo federal para aplicar leis contra a discriminação no sistema educacional americano. A aprovação foi em resposta aos protestos universitários em diversas instituições de ensino dos EUA contra o apoio de Washington a Tel Aviv na guerra na Faixa de Gaza. O texto ainda precisa passar pelo Senado.