25.07.24 | Brasil
“Se esse atentado tivesse sido apurado à época talvez não tivéssemos hoje tantas ações terroristas”, diz presidente da CONIB em evento pelos 30 anos do ataque à AMIA
O evento “AMIA, 30 anos: o terrorismo segue, a impunidade também”, realizado pela CONIB e Fisesp, por meio do seu Departamento de Segurança Comunitária (DSC-Fisesp), para homenagear as vítimas do atentado à organização judaica AMIA, em Buenos Aires, reuniu na noite desta quinta-feira (18), no Teatro Moise Safra, no Colégio Renascença, lideranças judaicas, representantes do governo argentino e de Israel, como os Cônsules de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, e da Argentina, Luis Maria Kreckler. Rudi Solon, da DSC-Fisesp e presidente da KKL Brasil, também compareceu ao evento.
O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, destacou: “Se esse atentado tinha sido apurado à época talvez não tivéssemos hoje ações terroristas e cúmplices terroristas como o Hezbollah e o Hamas”. Vivemos um momento delicado em que uma série de governos no mundo vem patrocinando ações de natureza terrorista. Trinta anos depois, o atentado à AMIA agora parece encaminhar para um esclarecimento e mostrar justamente o desdobramento de um regime autoritário, no caso do Irã, que patrocina organizações terroristas. Trabalhamos com as sociedades por uma maior convergência e entendimento, onde não haja espaço para o terrorismo e para o discurso de ódio. Como presidente da comunidade judaica brasileira asseguro a vocês que não haja descanso, que não haja pausa, que não haja o menor sossego mesmo que as verdades demorem 30 anos para aparecer e se transformar em algo cristalino. Digo isso porque acredito que o papel do povo judeu não se encerra dentro do povo judeu. Somos sim o povo do livro, somos também o povo da liberdade, mas acima de tudo somos os irmãos mais velhos de todas as outras sociedades e aqui estamos para garantir a democracia que se faz necessária como garantia de espírito da existência da humanidade”, concluiu Lottenberg.
O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, destacou a importância do ataque a ser investigado “para sabermos o que realmente aconteceu e evitar que atos desse tipo voltem a acontecer”. “São 30 anos em que muitas perguntas ainda não foram respondidas. Algumas coisas evoluíram neste ano, no sentido de eles chegarem à conclusão de que o ataque foi executado por terroristas ao comando do Irã. Inclusive o próprio presidente da Argentina falou que pretende punir essas pessoas. Com certeza a justiça é fundamental”, pontuou Knobel.
A cerimônia foi encerrada ao som de uma sirene e com o público presente segurando cartazes com os nomes e fotos das 85 vítimas fatais desse que foi o maior atentado já acontecido na América Latina.
O ataque, em 18 de julho de 1994, feriu a morte de 85 pessoas e deixou mais de 300 feridos e até hoje ninguém foi julgado pelo crime.
O presidente Javier Milei anunciou nesta quinta, em Buenos Aires, durante evento em homenagem às vítimas do ataque à AMIA, que proporá um projeto de lei para levar a julgamento à revelação dos suspeitos de participação no ataque.
Em decisão tomada, em abril deste ano, a justiça argentina responsabilizou o Irã pelos ataques à embaixada israelense e à AMIA. A Câmara Federal de Cassação Penal da Argentina, órgão da mais alta instância criminal do país, declarou em sentença histórica que os ataques à embaixada de Israel (1992) e à AMIA (1994) foram “resultados de decisões políticas e estratégicas do Irã, realizados por terroristas do Hezbollah”. A decisão ainda classifica o país como “Estado terrorista” e os atendidos como crimes contra a humanidade.