14.12.22 | Mundo
Julgamento do nazista Adolf Eichmann completa 61 anos
No dia 15 de dezembro de 1961 o nazista Adolf Eichmann, responsável pela deportação de milhares de judeus a campos de extermínio, foi condenado em Israel num julgamento que teve ampla repercussão na mídia – com a presença de observadores, diplomatas e cerca de 450 jornalistas - e que durou 10 meses.
Colocado numa cabine de vidro à prova de balas num tribunal sob alta proteção, Eichmann, de 55 anos, foi julgado por sua participação na Solução Final, que enviou seis milhões de judeus para a morte durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Cento e onze testemunhas foram ouvidas ao longo de meses no processo para contarem suas histórias diante de canais de televisão de todo mundo e escritores como Haim Gouri, Elie Wiesel, Joseph Kessel, ou Roger Vailland.
Com fones de ouvido, Eichmann ouviu, impassível, a tradução para o alemão da leitura em hebraico das 15 acusações contra ele: crimes contra o povo judeu, contra a humanidade, crimes de guerra, saques, deportações, abortos forçados, esterilizações, extermínio.
Na época, a imprensa noticiou que o mundo esperava ver um monstro, um nazista fanático. Mas o que se viu no tribunal foi um burocrata frio, que se prestava a assinar documentos. Na ocasião, peritos lhe atestaram a condição de subalterno de pouca iniciativa própria.
Mas gravações feitas em 1957 na Argentina por um jornalista holandês e oficial nazista durante a Segunda Guerra Mundial e divulgadas há poucos meses trazem declarações de Eichmann em alemão em que ele dizia que não se importava se os judeus que ele enviou para Auschwitz vivessem ou morressem. Na série chamada de “A Confissão do Diabo: As Fitas Perdidas de Eichmann”, o nazista afirma: “Se tivéssemos matado 10,3 milhões de judeus, eu diria com satisfação: ‘Bom, destruímos um inimigo. Então teríamos cumprido nossa missão”.
Sequestrado na Argentina em 13 de maio de 1960 por agentes do Mossad, o serviço de Inteligência israelense, depois de ser procurado por vários anos, Eichmann passou 316 dias em local secreto em uma prisão especialmente preparada para ele no norte de Israel.
Diante de uma sala lotada, o presidente da Corte Moshe Landau leu a sentença que dizia que Eichmann foi considerado culpado de crimes terríveis, diferentes de todos os crimes até então praticados contra indivíduos, já que se tratou do extermínio de um povo inteiro. A condenação: morte por enforcamento.
Eichmann foi enforcado na noite de 31 de maio de 1962 e posteriormente cremado. Suas cinzas foram despejadas fora das águas territoriais de Israel.