A comunidade Judaica no Brasil é a segunda mais importante da América Latina, atrás da Argentina e à frente do México, com 120 mil judeus entre os 204 milhões de brasileiros, ou seja, 0,06% da população.
Até a proclamação da independência, em 1822, o catolicismo era a religião oficial do Brasil e não havia liberdade para a prática de outras religiões. Os cristãos-novos enfrentavam restrições sociais e econômicas, pois não podiam pertencer às Irmandades de Misericórdia e às Câmaras Municipais, nem casar com “cristãos-velhos”, por causa dos estatutos de “pureza de sangue”.
Foto atual da primeira sinagoga das américas – erguida em Recife ou no que se chamava Nova Holanda.
A Ocupação Holandesa, no Nordeste, permitiu favoravelmente a instalação de uma comunidade judaica. A Nova Holanda, governada de 1637 a 1644 por Maurício de Nassau exibia uma tolerância fora de padrões para a época, com outras religiões. Entre 1630 e 1654, há, em Recife, registros da primeira comunidade judaica organizada do Brasil. Entre 1636 e 1640, houve a fundação, também em Recife, da primeira sinagoga e centro comunitário judaico das Américas, a Kahal Kadosh Zur Israel (Santa Comunidade Rochedo de Israel). Depois, fundaram, em Maurícia, a sinagoga Kahal Kadosh Magen. A união das duas, em 1648, contou com a assinatura de 172 integrantes da comunidade. Além da sinagoga, existiam uma escola religiosa e um cemitério.
Jacob Benzecry, Samuel Levy e Isaac Benchimol, em Belém, s/d. Foto: AHJB.
A segunda comunidade judaica organizada no Brasil foi fundada em Belém, capital do Estado do Pará, a partir da década de 1820. O ciclo da borracha, na virada para o século 20, atraiu imigrantes de vários países, incluindo judeus.
Em 1824, em Belém, judeus fundaram a primeira sinagoga moderna no país, a Shaar Hashamain. Em 1842, foi fundado um cemitério judaico na cidade. Em 1889/1892, outra sinagoga, a Essel Abraham, foi fundada na capital do Pará.
Em 1840/1850, foi fundada, no Rio de Janeiro, a primeira instituição judaica, a União Shel Guemilut Hassadim, estabelecida por judeus marroquinos que migraram do norte do Brasil. Em 1867, foi criada a Alliance Israélite Universelle e, em 1873, a Sociedade União Israelita. Outra instituição dessa época é a Sociedade Israelita do Rito Português.
Fundada a sinagoga Shel guemilut Hassadim, a primeira do Rio de Janeiro.
Fundação da União Israelita do Brasil.
Cemitério Israelita de Philippson (RS).
IMIGRAÇÃO NO RS.
Em 1904, há registros da primeira colônia gaúcha, em Philippson, região de Santa Maria, com 37 famílias originárias da Bessarábia.
Criada, em Santa Maria, a primeira escola judaica.
Sinagoga Kehilat Israel, a mais antiga de São Paulo, na Rua da Graça. Foto: René Decol.
Imigrantes judeus da Europa Oriental e Ocidental e do Oriente Médio formaram comunidades estruturadas nas principais cidades do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.
Editado o primeiro jornal judaico em ídiche, em Porto Alegre, o Di Menscheit, e as comunidades passaram a desenvolver uma intensa atividade cultural e de imprensa.
Ocorre o 1° Congresso Sionista no Brasil, reunindo quatro movimentos: Ahavat Sion (São Paulo), Tiferet Sion (Rio de Janeiro), Shalom Sion (Curitiba) e Ahavat Sion (Pará), que fundaram a Federação Sionista do Brasil.
Cerca de 17.500 judeus entraram no país. Nesse período, houve diplomatas que salvaram judeus, como o embaixador Souza Dantas.
Moyses Chahon desfila com a Guarda de Honra. Acervo Israel Blajberg.
Governo Vargas bane o ensino e a publicação de jornais em línguas estrangeiras e as organizações de imigrantes tiveram que “nacionalizar” seus nomes e eleger diretorias com brasileiros natos. A instituições judaicas se adequaram, mas o ensino do hebraico foi mantido nas escolas. As comunidades participaram das campanhas em prol do esforço de guerra do Brasil, que rompeu relações com o Eixo em agosto de 1942. A comunidade judaica do Brasil doou cinco aviões para a recém criada Aviação Militar do Brasil, em 1942, e criou vários comitês para auxiliar os refugiados de guerra na Europa, alguns ligados à Cruz Vermelha. Os judeus também integraram as forças expedicionárias brasileiras e lutaram na Itália na tomada do Monte Castelo.
Fundada Federação Israelita do Estado de São Paulo, de linha sionista, para organizar a imigração do pós-guerra dos judeus refugiados na Europa para o Brasil.
Fritz Feigl à frente da Confederação Isrelita do Brasil na década de 1950.
Foi fundada a Confederação das Entidades Representativas da Coletividade Israelita do Brasil – depois Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Cine Marconi, no Bom Retiro (São Paulo), em 1951. Acervo AHJB.
Em finais dos anos 1950, chegaram os judeus húngaros e os egípcios, que se instalaram, sobretudo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Hospital Israelita Albert Einstein foi fundado em 1955.
Ato ecumênico na Catedral da Sé em homenagem a Vladimir Herzog, 31 de outubro de 1975. Foto: Folha de S. Paulo.
Nos anos de chumbo da ditadura militar, 1964-1985, dez militantes judeus foram mortos pela repressão. O caso mais emblemático é o de Vladimir Herzog (Iugoslávia, 1937- São Paulo, 1975).
Universidade de São Paulo (USP) instituiu o Centro de Estudos Judaicos.
O Prof. Henrique Rattner (1923-2011) foi um dos fundadores do Centro de Estudos Judaicos da USP.
Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica da Universidade de São Paulo (USP) foi regulamentado.
o Brasil atrai judeus oriundos da América Latina, que deixam seus países em momentos de crise política ou econômica. Em 2002, é reinaugurada, após restauração, a antiga sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, em Recife.
Família Alaiz, em frente ao Pão de Açúcar, em 1930. Foto: Arquivo Flavio Limoncic.
O dia 18 de março foi escolhido para ser o Dia Nacional da Imigração Judaica, em lei federal sancionada..