Presidente da CONIB aponta viés ideológico na posição brasileira sobre ações contra o Irã - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

23.06.25 | Brasil

Presidente da CONIB aponta viés ideológico na posição brasileira sobre ações contra o Irã

Em entrevista ao Jornal da Manhã da Jovem Pan News, o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, comentou a posição do governo brasileiro condenando as ações contra as usinas nucleares do Irã. "Vejo (a posição brasileira) como uma praxe diplomática. Evidentemente que para isso existe toda uma normativa, um código de relação. Portanto não se poderia esperar algo diferente em termos de manifestação da diplomacia brasileira. Entretanto, vejo um lado muito prático, que é o que a história traduziu no decorrer de um período muito longo. Talvez o maior resgate seja o próprio momento da Segunda Guerra Mundial, quando houve toda uma expectativa dentro de interesses que eram coordenados, quer sejam eles dentro de uma prática da ordem diplomática, embora naquele momento a ONU não tivesse muita expressão ou presença, mas, sessa demora, essa lentidão, trouxe consequências danosas em termos de vidas humanas que foram sacrificadas. Muito embora, e é verdade, a agência que cuida dos assuntos relativos às armas nucleares não tenha detectado sinais claros, tampouco ela admitiu em qualquer momento que esta possibilidade estaria excluída. Israel tem um sistema de informação bastante aprofundado, em que detalhes são acompanhados de perto, e o mundo ouvia, dos governantes, dos presidentes do Irã, o atual e os que o antecederam, e o Brasil é testemunha disso – o presidente Ahmadinejad, que esteve no Brasil, e que sempre falou isso – que o Irã pretendia varrer Israel do mapa. E não só varrer Israel do mapa, mas varrer também todos os judeus do mundo. E por vezes esse mesmo Irã vem ameaçando determinadas democracias do continente europeu. Portanto, sinais indiretos eram muito claros de que uma catástrofe poderia acontecer. O Brasil tem uma política externa que, na minha leitura, é nitidamente ideológica, um alinhamento que se faz a um regime tirânico, teocrático, absolutista, que é o Irã. Portanto, também desse lado não esperávamos algo diferente. Eu, como brasileiro, fico absolutamente decepcionado com a política externa brasileira. Acho que essa conduta nada tem a ver com o sentimento do povo brasileiro e essa ideologia está de fato nos distanciando de uma cultura nacional em que o pluralismo é respeitado. Portanto vejo a nota como parte dentre dessa linha diplomática, mas nós, brasileiros, e vejo isso andando nas ruas e conversando com as pessoas, apoiamos (as ações contra o Irã) porque não podemos permitir que exista um centro no mundo que esteja confrontando o mundo da democracia e da liberdade. Me envergonho, como brasileiro, de ver o alinhamento do Brasil com um regime como aquele que existe dentro do Irã”.

Sobre a reação da comunidade judaica diante do conflito, Lottenberg afirmou: “Nós somos judeus, mas somos também brasileiros e por vezes somos tratados como se fossemos um povo à parte. Isso não é verdade. Nós estamos estabelecidos aqui, pagamos impostos, votamos, temos o direito de expressar a nossa posição e nos manifestar quando não estamos de acordo. Portanto, não é uma comunidade apenas quanto comunidade, mas cidadãos brasileiros. Dentro do judaísmo o principal valor que um ser humano tem é a vida. Então nos dói muito ter a perda de vidas de todos os lados. É muito ruim ver no mundo, que estava estabelecido dentro de uma ordem de harmonia, grupos que puxam o debate dentro de uma linha onde o diálogo não existe e o terrorismo ganha protagonismo. O 7 de outubro de 2023 quebrou uma verdadeira lua de mel. Nós judeus aqui estabelecidos imaginávamos que o antissemitismo não existia, que tínhamos aqui o amparo, uma proteção, por parte das autoridades governamentais. E não foi o que sentimos. Então estamos muito apreensivos ao ver que pouco se progride nessa linha de entendimento. E vemos aqui que existe uma falta de entendimento da leitura de que o Irã é o grande financiador do terrorismo. E é esse terrorismo que está levando a essa perda de vidas humanas. A apreensão existe porque sabemos que, embora todos esses proxis, como o Hamas, o Hezbollah e os Houthis, sejam braços financiados pelo Irã, esses grupos em nada representam a força da Guarda Revolucionária iraniana. O poder bélico dessa guarda é muito grande. E, ao contrário do que Israel faz, essas forças atacam em áreas urbanas, matando gente de forma indiscriminada”, destacou.

Assista a íntegra da entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=j0q02U8fu_I


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