O Hamas enviou no fim de semana dois vídeos que mostram os reféns Evyatar David e Rom Braslavski desnutridos. As famílias autorizaram a divulgação dos conteúdos, segundo noticiou o jornal Times of Israel.

Em um dos vídeos, que chocaram os israelenses, David fala com voz fraca, dizendo: "Hoje é 27 de julho, são 12h, não sei o que vou comer”; "Não como há vários dias”. "Estou numa situação muito, muito difícil, por muito tempo, por alguns meses e isso não é ficção, isso é real", diz ele, ao aparecer cavando o que ele acreditava ser sua própria cova.

David também mostrou um calendário no qual constam os dias em que ele afirma ter comido, “apenas lentilhas e feijões”, e vários dias seguidos em que não teria recebido comida alguma.

Nesse vídeo, uma pessoa por trás da câmera aparece entregando a ele uma lata. "Esta lata é para dois dias. Toda esta lata é para dois dias para que eu não morra", diz o refém.

O envio dos vídeos foi interpretado como uma estratégia do Hamas para pressionar o governo de Israel. E Evyatar David também se referiu ao primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu. "Fui completamente abandonado por você, meu primeiro-ministro, que deveria se preocupar comigo e com todos os prisioneiros”. O grupo terrorista se refere aos reféns como prisioneiros, termo usado no vídeo.

O comandante do Estado-Maior do Exército israelense, tenente-general Eyal Zamir, afirmou que os combates vão continuar até a libertação de todos os reféns. "Acredito que, nos próximos dias, saberemos se conseguiremos alcançar um acordo para a libertação dos nossos reféns", afirmou durante visita às tropas no território palestino, segundo um comunicado militar.

Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, se reuniu, no sábado (2), em Tel Aviv com as famílias dos reféns israelenses que permanecem em cativeiro. Cercado por seguranças, Witkoff seguiu até a chamada Praça dos Reféns, onde conversou com familiares dos cativos.

Centenas de pessoas, algumas vestidas de preto e exibindo fotos de seus parentes, protestaram no local, que se tornou o ponto de encontro das famílias dos sequestrados e dos manifestantes que exigem o fim da guerra.

No domingo (3), a família de outro refém - Rom Braslavski – divulgou vídeo em que ele aparece dizendo: "Estou às portas da morte e tenho certeza de que todos os outros (reféns) estão no mesmo estado mental”.

Em uma declaração compartilhada pelo Fórum de Famílias de Reféns, a mãe de Braslavski, Tami, disse que o vídeo mostra que "o pesadelo que eu temia é real”. “O medo com o qual convivemos se tornou mais tangível do que nunca, e é importante que o mundo inteiro veja isso, apesar da minha dificuldade pessoal em mostrar publicamente meu Rom na terrível condição em que se encontra".