Presidente da CONIB diz que espera que o bom senso prevaleça no diálogo entre Brasil e Israel - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

26.08.25 | Brasil

Presidente da CONIB diz que espera que o bom senso prevaleça no diálogo entre Brasil e Israel

O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, falou à Record News sobre a decisão do governo israelense de rebaixar as relações diplomáticas com o Brasil e retirar a indicação do diplomata Gali Dagan para ocupar o cargo de embaixador no País. A medida foi anunciada depois que o Itamaraty não respondeu ao pedido de autorização necessária para ele assumir a função. Sobre a possibilidade de uma reaproximação entre Brasil e Israel, o presidente da CONIB disse que não vê a relação Netanyahu-Lula como um diálogo perdido. “Eu tenho sempre a tendência a ser otimista, mesmo porque, se nós formos verificar junto ao povo brasileiro vemos que não é esse o desejo, ocorrendo o mesmo em relação ao Estado de Israel. Vamos torcer para que o bom senso prevaleça, para que o pragmatismo ocorra e para que a ideologia seja deixada de lado”. Leia a seguir a íntegra da entrevista:

“Esse processo que estamos assistindo neste momento é retrato de algo que já vem acontecendo há mais tempo. É bom lembrar que o presidente Lula comparou as ações de Israel (em Gaza) com as do regime nazista durante o Holocausto, o que é muito grave para nós, judeus, particularmente para aqueles que moram e vivem em Israel. Isso levou a uma série de ações e, talvez, a alguns equívocos também de Israel, mas o primeiro movimento nesse sentido foi a convocação e a retirada do embaixador brasileiro em Israel. E no momento em que se encontra para encerrar o mandato do atual embaixador é evidente que Israel está submetendo o novo nome à avaliação, o que faz parte de uma praxe diplomática que é o agrément. E o Brasil, neste momento, está desconsiderando e, portanto, a meu ver o presidente Lula se equivoca. E ele não faz a mesma coisa com os Estados Unidos, por exemplo. Por outro lado, acho que ele, que defende tanto o diálogo e que diz que as coisas se resolvem com uma boa conversa, não faz isso com relação a Israel e nem com relação os EUA. Ou seja, pesos e medidas incomparáveis principalmente quando ele (Lula) quer falar sobre o sul global. Ou seja, fazer defesas que a meu ver representam aquilo que é vergonhoso para a política externa de um País que sempre teve uma tradição muito positiva, que é o nosso Brasil”.

Sobre a possibilidade de uma reaproximação entre Brasil e Israel, o presidente da CONIB disse que não vê a relação Netanyahu-Lula como um diálogo perdido. Eu tenho sempre a tendência a ser otimista, mesmo porque, se nós formos verificar junto ao povo brasileiro vemos que não é esse o desejo, ocorrendo o mesmo em relação ao Estado de Israel. Existe aí um verdadeiro impasse diplomático: rebaixamento não é ruptura. Nós assistimos há pouco o presidente Putin conversando com Trump, ou seja, coisas que dentro de outros contextos e em outros momentos quem sabe não poderiam ser inimagináveis. Vamos torcer para que o bom senso prevaleça, para que o pragmatismo ocorra e para que a ideologia seja deixada de lado. No lado do Brasil – e aí eu falo como brasileiro -, nós somos judeus, mas somos brasileiros e eu acho que essa é uma versão equivocada do contrassenso, porque nós estamos justamente não fazendo aquilo, que aliás é natural do povo brasileiro e que sempre foi defendido pelo presidente Lula, que é a cultura do diálogo. Acho ruim, acho ideológico e, aliás, a (atual) política externa brasileira é absolutamente ideológica. Ela não segue um pragmatismo e uma linha coerente, que poderiam nos orgulhar e ser útil dentro das relações diplomáticas e entre os diferentes países”.

Sobre o que representa um rebaixamento nas relações, Lottenberg afirmou: “A figura de um embaixador sempre confere um status, um papel de maior agilidade, de maior promoção. A diplomacia, uma das razões principais para a sua existência é a de estabelecer pontes de trocas, de convergência, convênios, ou seja, no fundo, é aproximar os países dentro de convergências que possam ser construtivas para ambos os lados. Quando não se tem embaixador logicamente que esse status acaba perdendo muito da sua natureza. (O rebaixamento) na prática significa manter alguém numa função muito mais burocrática, alguém com menor criatividade. Então, a gente acaba se retraindo por não poder fazer coisas que poderiam representar um fortalecimento nas relações com tanta coisa criativa. Como agora, falando sobre a COP: se dermos uma rastreada naquilo que envolve as trocas e as relações que o Brasil ainda mantém com Israel nos podemos ver aí muitas coisas de natureza do meio ambiente. Seria certamente uma boa oportunidade para estarem juntos. Se falarmos sobre segurança, por exemplo, o Brasil poderia se beneficiar com inúmeras oportunidades importando coisas de Israel. O Estado judeu, por outro lado, se utiliza em muito de recursos como petróleo, carne bovina. Portanto eu vejo aqui um esfriamento disso. Nós vamos ficar naquilo que já fazemos e, evidentemente, não vamos aprimorar, não vamos fazer mais, e num momento em que o Brasil se esforça para buscar outras alternativas econômicas que não sejam só o eixo Brasil-EUA isso é uma grande incoerência, principalmente para alguém, como Lula, que sempre se pautou pela cultura do multilateralismo. O presidente Lula, infelizmente, não é coerente entre aquilo que ele diz e o que faz”.

Assista a íntegra da entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=lls9Shw7qIU


Receba nossas notícias

Por favor, preencha este campo.
Por favor, preencha este campo.
Por favor, preencha este campo.
Invalid Input

O conteúdo dos textos aqui publicados não necessariamente refletem a opinião da CONIB. 

Desenvolvido por CAMEJO Estratégias em Comunicação