27.08.25 | Brasil
“Participação na IHRA vai além de governos”, diz coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba
O coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss, falou ao Globo News sobre antissemitismo, racismo, a crise nas relações Brasil-Israel e a decisão do governo brasileiro de retirar o país da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). “O antissemitismo, por ser um fenômeno antigo e complexo, requer um esforço muito grande para sistematizar esse ódio e, por isso, fazemos cartilhas e manuais para identificar o que é preconceito, assim como há outros para os casos de racismo. E por mais que tenham características diferentes, o antissemitismo e o racismo carregam a mesma essência, que é a essência do ódio, do medo e do ressentimento em relação a um determinado grupo. E não é à toa que na legislação brasileira desde 2003 o antissemitismo se configura como crime de racismo”, destacou.
Sobre a comparação que alguns fazem do conflito em Gaza com o Holocausto, Reiss disse: “Existem princípios que não podemos ultrapassar, como, por exemplo, as sociedades não são homogêneas; nações inteiras não podem ser responsabilizadas por atos de seus governantes e não podemos ferir o direito de existência e de determinação dos povos. Em princípio criticar o governo de Israel não é antissemitismo, mas há situações em que essas críticas são sim uma forma de antissemitismo. Há casos e casos”.
“Fui convidado pelo Itamaraty para representar o Brasil em 2021 como delegado na Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e, em plenário na Grécia, o País foi aceito como observador. A IHRA é um espaço de articulação entre países, é um esforço conjunto de diplomacia, de diálogo. Ela foi criada nos anos de 1990 para ser um compromisso global de encorajar o estudo e a educação sobre o Holocausto. A missão da Aliança vai muito além de uma definição de antissemitismo, que é o que se tornou esse imbróglio nas relações entre Brasil e Israel. É importante que se diga que dentro da Aliança os países dialogam e existe um esforço ainda maior em prol da educação. Discordâncias existem e isso vai além de governos”, pontuou, ao citar o caso da Argentina, que passou por diferentes governos e se manteve na IHRA.
Assista a íntegra da entrevista em: https://g1.globo.com/globonews/jornal-das-dez/video/j10-entrevista-antissemitismo-e-memoria-do-holocausto-13875921.ghtml