03.09.25 | Mundo
Descoberta do Instituto Weizmann revela as camadas mais profundas de uma estrela gigante
Um grupo internacional de pesquisadores, liderado pelo Instituto Weizmann de Ciências e pela Northwestern University, registrou um fenômeno inédito: uma supernova que permitiu observar diretamente as camadas internas de uma estrela massiva.
É como se tivéssemos visto uma estrela despida até os ossos”, explica o astrofísico Steve Schulze, que conduziu a análise e iniciou sua carreira no grupo do professor Avishay Gal-Yam, do Departamento de Física de Partículas e Astrofísica do Instituto Weizmann de Ciências de Israel. “Pela primeira vez, tivemos evidências diretas de que as estrelas podem perder praticamente todas as suas camadas externas e ainda assim gerar uma explosão luminosa, observável a distâncias inimagináveis.”
O estudo, publicado na capa da revista Nature, revela a origem de elementos como silício, enxofre e argônio – peças fundamentais da química que compõe planetas, rochas e até nossos próprios corpos.
As estrelas massivas funcionam como uma “cebola cósmica”, organizada em camadas sucessivas de elementos químicos: hidrogênio, hélio, carbono, oxigênio, até chegar ao ferro em seu núcleo. Mas, até agora, os astrônomos só conseguiam enxergar as camadas externas quando esses astros explodiam em supernovas. A descoberta da estrela batizada SN2021yfj, localizada a 2,2 bilhões de anos-luz da Terra, abriu uma janela inédita para seu interior, revelando pela primeira vez sinais claros de elementos mais pesados, formados nos estágios finais da vida estelar.
O estudo também contou com a participação de Ofer Yaron, cientista sênior do Weizmann e especialista em supernovas, que destaca o impacto da descoberta: “Ao expor uma região tão profunda do interior estelar, desafiamos as teorias atuais sobre como as estrelas gigantes perdem massa antes de explodirem. Agora sabemos que o silício e o enxofre, essenciais para a formação de planetas e para a própria vida, têm sua forja em regiões que, até hoje, eram inacessíveis à observação direta.”
Além de confirmar modelos teóricos sobre a estrutura interna das estrelas, a descoberta ajuda a traçar a origem dos átomos que formam tudo ao nosso redor. Como lembrava Carl Sagan, “somos feitos da mesma matéria das estrelas”. O trabalho liderado por pesquisadores ligados ao Instituto Weizmann nos aproxima, de forma inédita, desse processo cósmico, mostrando como as explosões estelares criam os tijolos químicos que constroem o universo – e a própria vida na Terra.
A descoberta marca um avanço significativo na compreensão da origem dos elementos químicos do universo. “Cada átomo que compõe nossos corpos e o mundo ao nosso redor foi forjado no interior de estrelas como essa”, afirma. “Ver diretamente onde e como esses elementos pesados são formados é um passo gigantesco para decifrar a história cósmica da matéria”, concluiu o professor Avishay Gal-Yam.
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