“Os Dias Solenes e a força de um povo que nunca se rende” - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

17.09.25 | Judaicas

“Os Dias Solenes e a força de um povo que nunca se rende”

Artigo de Marina Rosenberg, vice-presidente sênior de Assuntos Internacionais da Liga Antidifamação (ADL), destaca a importância para os judeus dos dez dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, período de reflexão e esperança num futuro de paz e num mundo mais justo e digno para todos. Leia a íntegra do texto a seguir:

Nos dez dias que começam com Rosh Hashaná e culminam em Yom Kipur, período conhecido como Yamim Noraim, o povo judeu reafirma que sua identidade não está marcada pelo medo nem pelo ódio, mas pela esperança ativa e pela resiliência.

Nestas semanas em que as comunidades judaicas do mundo se preparam para os Yamim Noraim, o coração se abre para o balanço. Refletimos sobre o que vivemos, sobre as feridas que ainda doem e os desafios que persistem. E não podemos ignorar que o antissemitismo – essa sombra antiga com disfarces modernos – segue presente: nas ruas, nas universidades, nos discursos públicos e nas redes sociais.

Mas esses dias também nos lembram de algo essencial: que o judaísmo nunca se definiu pelo medo, mas pela esperança. A cada Rosh Hashaná somos convidados a imaginar o mundo não como ele é, mas como poderia ser: mais justo, mais compassivo, mais luminoso.

O antissemitismo tenta nos reduzir a vítimas. Nossa tradição, em contrapartida, nos devolve a voz de protagonistas. Lembra-nos que não somos um povo frágil, mas um povo com memória, com resiliência e com uma capacidade inesgotável de construir o futuro. A história judaica não se define apenas pelo que nos fizeram, mas por como seguimos sonhando, criando e dando vida.

O antissemitismo não desaparecerá de um dia para o outro. Mas também não desapareceu nossa fé durante dois mil anos de exílio. Não se extinguiram nossas canções nem nossas preces. E assim, também não se apagará agora nossa capacidade de imaginar um futuro diferente.

A força do povo judeu sempre foi transformar lágrimas em canções e perdas em sementes de vida nova. Onde outros quiseram impor silêncio, respondemos com aprendizado, com cultura, com gerações inteiras que continuaram transmitindo valores milenares e inquebrantáveis. Essa é a verdadeira vitória diante do ódio: não permitir que ele dite nosso destino, mas escrevê-lo com nossas próprias letras.

Na Liga Antidifamação (ADL), afirmamos hoje que a luta contra o antissemitismo não é apenas resistência: é também afirmação de vida e de identidade. Cada escola judaica que abre suas portas, cada Shabat compartilhado com familiares e amigos, cada projeto de justiça social que realizamos é uma declaração de que a esperança é mais forte que o ódio.

Nestes Yamim Noraim, quando o shofar nos convoca à introspecção e à renovação, ouçamos também seu chamado para não nos resignarmos. Para nos comprometermos – como indivíduos e como comunidade – a ser faróis de dignidade, solidariedade e fé na humanidade.

Neste ano de 5786 que se inicia, lembremos que a esperança não é uma emoção passiva: é um ato de coragem. Significa escolher construir, educar e estender a mão mesmo quando seria mais fácil se fechar. Que cada um de nós, em sua vida cotidiana, escreva pequenas páginas de esperança, porque juntas compõem a grande história de um povo que nunca deixou de sonhar.

Que este novo ano nos encontre com a força de denunciar, a valentia de agir e, sobretudo, com a esperança ativa de que o próximo som do shofar nos aproxime de um mundo em que nenhuma criança judia precise esconder sua identidade e onde a dignidade do nosso povo seja celebrada em liberdade, de forma aberta e com orgulho.

Shaná Tová Umetuká!


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