01.10.25 | Judaicas

“O sentido universal do Yom Kippur”

Sebastian Watenberg, diretor da CONIB, cita em artigo o rabino Jonathan Sacks para falar sobre um dos momentos mais sagrados do judaísmo, o dia de Yom Kippur. “O rabino Jonathan Sacks ensinava que a força de Yom Kippur não reside apenas no arrependimento pessoal, mas na capacidade de reatar laços coletivos e de restaurar a confiança entre as pessoas. O perdão não é apenas um ato íntimo, mas uma oportunidade de reconstrução do espaço comum. Nesse sentido, Yom Kippur não é apenas um rito de fé, mas um lembrete de que só avançamos como sociedade quando reconhecemos erros, pedimos desculpas e oferecemos aos outros a chance de recomeçar”. Leia a seguir a íntegra do texto:

O calendário judaico guarda em Yom Kippur um dos seus momentos mais sagrados. É um dia de jejum, oração e reflexão profunda, mas seu alcance vai além das fronteiras de uma tradição. Iom Kipur é um convite universal para a humanidade parar, silenciar o ruído cotidiano e confrontar a si mesma. Em um tempo em que as vozes se multiplicam nas redes sociais, em que a pressa define o ritmo da vida e em que a polarização fragiliza vínculos, este dia nos chama a uma pausa transformadora.

O Rabino Jonathan Sacks ensinava que a força de Yom Kippur não reside apenas no arrependimento pessoal, mas na capacidade de reatar laços coletivos e de restaurar a confiança entre as pessoas. O perdão não é apenas um ato íntimo, mas uma oportunidade de reconstrução do espaço comum. Nesse sentido, Yom Kippur não é apenas um rito de fé, mas um lembrete de que só avançamos como sociedade quando reconhecemos erros, pedimos desculpas e oferecemos aos outros a chance de recomeçar.

O mundo de hoje nos oferece um poder imenso e, ao mesmo tempo, uma fragilidade emocional crescente. Estamos conectados por tecnologias capazes de aproximar culturas e povos, mas muitas vezes divididos por palavras duras e intolerância. Yom Kippur nos ensina que a verdadeira força não está em impor nossa voz, mas em abrir espaço para o silêncio que escuta. A tradição judaica consagra esse dia a uma espécie de desapego. Não se trata apenas de abster-se de comida, mas de deixar de lado as distrações que nos afastam do essencial. É um exercício de humildade que se torna cada vez mais urgente em tempos de excesso.

O perdão é a chave desse ensinamento. Diferente da lógica da vingança, que perpetua o ciclo da violência, o perdão rompe com o passado e abre a porta para um futuro possível. Essa lição ultrapassa fronteiras religiosas. Líderes políticos poderiam inspirar-se nessa sabedoria para superar impasses e guerras. Comunidades poderiam encontrar nela um caminho de reconciliação. Famílias poderiam redescobrir a força da palavra sincera que pede desculpas e do gesto generoso que absolve.

Iom Kipur pertence ao povo judeu em sua essência, mas sua mensagem fala a todo ser humano que busca sentido e clareza em meio à confusão. Em um mundo cansado de ruídos e de promessas não cumpridas, este dia ergue-se como um farol. Convida-nos a uma honestidade radical diante de nós mesmos e a uma coragem ainda maior diante dos outros. Ensina que a liberdade começa quando temos coragem de mudar e que a paz não nasce de discursos, mas de corações que aprendem a perdoar.

O sentido contemporâneo de Yom Kippur talvez esteja exatamente nessa universalidade. Não importa a crença ou a cultura, todo ser humano precisa de um tempo para refletir, reparar e recomeçar. Cada pedido de perdão e cada ato de reconciliação são sementes de esperança que podem transformar o destino coletivo.

Chatimá tová!

 


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