Israel Kislansky inaugura exposição em Salvador e fala sobre a influência do judaísmo na sua arte - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Foto: Arquivo Pessoal

01.07.22 | Cultura

Israel Kislansky inaugura exposição em Salvador e fala sobre a influência do judaísmo na sua arte

Nascido em Salvador, em 1965, e radicado em São Paulo desde 1983 o escultor Israel Kislansky inaugurou no Palacete das Artes, no bairro da Graça, na capital baiana, a exposição As Bacantes. A mostra foi inaugurada no dia 12 e irá até 28 de junho. Hoje ele reside em São Paulo, é casado com a também artista Angelica Arechavala com quem tem uma filha, Maria, de 11 anos. Agora ele volta à Bahia para uma exposição com uma coleção de 76 obras no Palacete das Artes. Além das obras, será apresentado durante a exposição um filme feito por seu filho, Igor, de 16 anos, de seu primeiro casamento. Em entrevista à CONIB, ele falou sobre a sua história e o que o inspira em sua obra. Veja a seguir:

Qual a sua origem?

Sou baiano, com muito orgulho! Os judeus baianos agora são raridades... a comunidade se espalhou bastante e hoje são bem menos que na época da minha juventude. Mas estão ativos em Salvador. Fizeram uma nova e linda sinagoga.

Meu pai era romeno e minha mãe pernambucana, filha de russos, os Kosminsky. Existem muitos no Brasil, de Porto Alegre a São Luís. Já os Kislansky são realmente bem poucos.

Qual a influência do judaísmo na sua arte?

Dizia Picasso que “ou se olha para suas raízes ou se está fadado a copiar seus contemporâneos”. Não posso afirmar que a frase seja realmente dele, mas que possui muita verdade, acho que sim. Todo artista trabalha com essa dualidade, o aqui e agora e uma memória, afetiva, visual, histórica, em boa parte inconsciente... é um mistério.

Por vezes trabalho com temáticas diretamente judaicas, mas não é o mais comum. Sou uma pessoa/artista muito ligado ao corpo e um apaixonado pela história da arte. As vezes com muitas referências cristãs, barrocas etc, o que aliás é bem natural, tendo vindo da cidade que vim. Nossa sinagoga estava a 100 metros da igreja Nossa Senhora de Nazaré, que frequentava desde menino, paquerando as carolas da minha idade. Era bonito ver as meninas e os ornamentos e, é claro, tudo isso misturado a muito gefilte fish, cabalat shabat e afins. Enfim, o lado bom do Brasil, pra quem sabe tirar proveito dele.

 O que o inspira no seu trabalho?

Tudo, a vida.

Você já morou em São Paulo, o que o fez mudar para a Bahia?

Sigo em São Paulo, apenas depois da pandemia surgiram muitos convites para expor e trabalhar fora daqui, de modo que ando um pouco peregrino, meio cacheiro viajante como meu avô, gosto disso, conhecemos muitas pessoas e deixamos sementes e amigos por onde passamos.

O que destacaria nesta exposição atual?

Foi um trabalho muito longo. Poderia dizer que dez anos de investimentos de toda ordem. Em primeiro lugar precisava desenvolver no Brasil uma fundição que atendesse a certa exigência que me era importante adquirir, daí as viagens à Europa e por fim a criação do Centro Técnico em Fundição Artística do Senai, em Osasco. No meio desse caminho houve o restauro do Monumento do Ipiranga que também contribuiu muito para o amadurecimento dessa questão e depois a montagem da minha própria fundição.

A criação das obras durou cerca de 5 anos e estavam praticamente todas prontas em 2019.

Acho que os destaques seriam para esses dois aspectos: o universo das Bacantes e das Ânforas, espécie de louvor ao feminino e a qualidade das obras fundidas em metais, todas numeradas, assinadas, gravadas pela fundição de origem etc. Um tipo de cuidado, posso afirmar, muito raro hoje no cenário brasileiro.

Como vê o mercado de arte atualmente com essa crise econômica decorrente da pandemia de Covid?

Bom, creio que a crise é generalizada e todos sabemos, vai além do mercado de arte. Certa fatia deste mercado, outra redundância dizer, não é afetada por essa crise e segue consumindo o que deseja, incluindo arte.

Penso que a Covid aproximou as pessoas. Acredito e espero que tenha despertado em todos nós, o melhor sentimento de solidariedade. E que a arte seja reconhecida, tal como a percebemos durante toda pandemia, como um dos maiores recursos que disponibilizamos para sobrevivência e transcendência durante essa nossa experiência humana sobre a Terra.

Israel Kislansky inaugura exposição em Salvador e fala sobre a influência do judaísmo na sua arte - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Israel Kislansky inaugura exposição em Salvador e fala sobre a influência do judaísmo na sua arte - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

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