07.11.23 | Mundo
“Combate é contra o Hamas, não contra os palestinos”
Ao completar um mês do brutal ataque terrorista contra civis israelenses, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, destaca, em artigo na Folha de S.Paulo, que não foi o seu país quem iniciou o conflito e, sim, o Hamas, ao invadir o território israelense e assassinar 1.400 pessoas — dentre israelenses, brasileiros, argentinos, tailandeses, nepaleses, alemães, americanos e de muitas outras nacionalidades -, além de sequestrar mais de 200 pessoas, entre elas mulheres e crianças. “O que eles fizeram é exatamente o que a ONU define como genocídio em sua ‘Convenção sobre Genocídio’: ‘Atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso’. “Que nação, em sã consciência, pode aceitar tais atrocidades contra seus cidadãos? Que nação aceitaria ter um vizinho assim como o Hamas depois de tais agressões? Israel, como qualquer outro país razoável, tem o direito de se defender e a obrigação para com o seu povo de o fazer de forma que tal atrocidade, tal horror, não se repita. Gostaria de acreditar que a grande maioria do povo palestino, tal como a grande maioria do povo israelense, quer viver uma vida normal, calma, em paz, educando os seus filhos para se desenvolverem, criarem coisas boas, fazerem o bem — e não para matarem os outros”. Leia a seguir a íntegra do artigo:
Há um mês, o Hamas iniciou uma guerra contra Israel e o povo israelense. O ataque foi brutal, cruel e dirigido contra a população civil nas cidades, nos kibutzim e em outras comunidades agrícolas, bem como contra jovens que participavam de um pacífico festival de música e motoristas que trafegavam inocentemente nas estradas circunvizinhas.
Mais de 1.400 pessoas —dentre israelenses, brasileiros, argentinos, tailandeses, nepaleses, alemães, americanos e de muitas outras nacionalidades— foram assassinadas naquele dia 7 de outubro.
A organização terrorista Hamas tem apenas um objetivo —e ele não é o de proporcionar uma vida melhor ao povo da Faixa de Gaza, local que governa há 16 anos (desde 2007). Seu objetivo fundamental é a destruição de Israel. Isso está explícito na sua Carta Fundamental (isto é, sua "Constituição"), está nos discursos dos líderes do Hamas e está na forma como agiram naquele dia em que foram matar, mutilar e torturar pessoas só porque elas eram israelenses.
O que eles fizeram é exatamente o que a ONU define como genocídio em sua "Convenção sobre Genocídio": "Atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso".
O Hamas se utilizou das torturas mais horríveis que se possa imaginar, empregando os mesmos métodos do ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico], tais como decapitação, violação e mutilação de crianças na frente de seus pais, assassinando brutalmente famílias inteiras. Além disso, lançaram milhares de foguetes e mísseis contra a população civil de Israel a partir de bases de lançamento localizadas no interior de áreas residenciais palestinas.
Os terroristas também raptaram centenas de pessoas —bebês, mulheres e idosos—, mantendo-os reféns e sem permitir que a Cruz Vermelha os visitasse para verificar condições de saúde. O Hamas usa o povo palestino como escudo humano, forçando-o a permanecer nas áreas de onde dispara e lança seus foguetes, sabendo que Israel reagirá.
Antes de atacar, Israel avisou à população civil de Gaza e pediu aos palestinos civis que se afastassem daquela área, alertando-os a tempo para evitar que fossem mortos ou feridos na guerra, mas o Hamas atirou naqueles que tentaram escapar.
Que nação, em sã consciência, pode aceitar tais atrocidades contra seus cidadãos? Que nação aceitaria ter um vizinho assim como o Hamas depois de tais agressões? Israel, como qualquer outro país razoável, tem o direito de se defender e a obrigação para com o seu povo de o fazer de forma que tal atrocidade, tal horror, não se repita.
Eu realmente espero que o que o Hamas fez não seja o que meu colega palestino entenda como o caminho adequado para resolver as diferenças sobre o futuro de nossas vidas naquele pequeno pedaço de terra —tão pequeno quanto o estado de Sergipe. Eu realmente espero que os métodos do Hamas, semelhantes àqueles empregados pelo ISIS, não sejam aceitos por ele e pelas pessoas que representa.
Gostaria de acreditar que a grande maioria do povo palestino, tal como a grande maioria do povo israelense, quer viver uma vida normal, calma, em paz, educando os seus filhos para se desenvolverem, criarem coisas boas, fazerem o bem —e não para matarem os outros.
Quero dizer a meu colega palestino: temos uma questão política, não religiosa. Não vejo como o assassinato de bebês, mulheres e idosos possa ser adequado à sua causa política. Espero que ele veja as coisas como as vejo, porque a médio e longo prazo queremos viver lado a lado com os palestinos como vizinhos, como bons vizinhos. O Hamas e a sua ideologia não devem, não podem e jamais farão parte desse futuro.