09.01.24 | Mundo
CJL revela pesquisa sobre o impacto da guerra Israel-Hamas nas comunidades judaicas da América Latina
O dia em que o Hamas disparou milhares de foguetes contra Israel, capturou mais de 200 reféns e matou 1.200 pessoas inocentes, chocou não só a população israelense, mas também as comunidades judaicas de todo o mundo.
Com base nesse contexto, o Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) realizou a sétima edição de sua pesquisa anual com líderes das comunidades judaicas de países latino-americanos.
A pesquisa revelou aspectos-chave sobre como a diáspora judaica foi afetada na região. Embora o cenário no Oriente Médio e seus desdobramentos sejam preocupantes, a pesquisa revelou que 86% dos entrevistados ainda consideram seguro viver como judeus em seus países. Esse dado, porém, revela uma queda de 10% em relação ao ano de 2022, indicando uma mudança na percepção de segurança dentro da comunidade.
O conflito entre Israel e o Hamas teve um efeito direto nas preocupações com o antissemitismo, que registrou um aumento de 36% em 2022 para 58% em 2023. Na mesma linha, um em cada cinco dos líderes entrevistados sente um alto grau de antissemitismo em seu país, e 88% atribuem esse aumento ao conflito.
Notadamente, a percepção de um alto grau de antissemitismo triplicou desde a última pesquisa, de 6% para 18%. Apesar deste aumento, 3/4 dos entrevistados destacam a importância de combater todas as formas de discriminação, não apenas o antissemitismo. Em termos de respostas da comunidade a esses desafios, 67% dos participantes da pesquisa avaliam positivamente as ações das instituições judaicas para combater o antissemitismo, um percentual que se mantém estável desde 2022. Quanto às causas percebidas do antissemitismo na América Latina, três em cada quatro entrevistados apontam o antissionismo como o principal argumento antissemita na região. Essa percepção aumentou 12 pontos percentuais no último ano.
Em uma região que vivenciou episódios de terrorismo contra comunidades judaicas, a preocupação com eventuais ataques aumentou significativamente, de 67% para 77%. Além disso, em termos gerais, percebe-se que os diferentes atores da sociedade latino-americana têm se pronunciado desfavoravelmente em relação a Israel. Os acontecimentos de 7 de outubro em Israel marcam um ponto de virada, após o qual a vida judaica na América Latina parece ter mudado. Embora uma grande maioria se sinta segura vivendo abertamente como judeu em seu país, a percepção do antissemitismo continua a crescer significativamente e esse é um fato preocupante. Combater o discurso de ódio e construir uma melhor convivência para alcançar um mundo mais seguro é o grande desafio das sociedades daqui para frente.
Em sua grande maioria, as lideranças latino-americanas ainda consideram a solução de dois estados como o caminho para a paz.