11.03.24 | Mundo
Ex-refém conta ao Fantástico o ‘inferno” que viveu no cativeiro durante 51 dias em Gaza
Libertada em novembro de 2023 junto com outros reféns, durante acordo de cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, Aviva Siegel contou ao Fantástico deste domingo (10) o "inferno" que viveu no cativeiro durante 51 dias em Gaza.
Aviva foi sequestrada junto com o marido, Keith, e outros 16 moradores do kibutz Kfar Aza, a cerca de três quilômetros da fronteira de Gaza, onde moravam. A comunidade deles, que tem cerca de mil moradores, e uma base militar na vizinhança foram atacadas pelos terroristas do Hamas durante os ataques do dia 7 de outubro de 2023.
"Quando pegaram o Keith, quebraram as costelas dele com um empurrão. Deram tiros em volta da gente, e uma das balas atingiu a mão dele", disse ela.
No cativeiro passaram fome e a tortura não era apenas física, mas também psicológica.
"Eles costumavam comer na frente da gente, muita comida. Mastigavam, vinham de outro recinto mastigando, enquanto nos deixavam 24 horas sem comer”.
Aviva conta emocionada o que aconteceu a jovens que ficaram com ela no mesmo cativeiro. Ela presenciou abusos sexuais e físicos com outras reféns. Segundo relatou, esse foi um momento muito difícil para ela no cativeiro porque ela queria proteger a moça, mas não podia.
Aviva afirmou ainda que os terroristas batiam nas reféns. Uma delas foi agredida quando o grupo ia ser transferido de cativeiro: "uma garota me disse para eu tapar os ouvidos porque eu não ia querer ouvir o que estavam fazendo. “Bateram muito nela, e quando ela voltou, estava toda vermelha. Ficou com a marca das algemas por pelo menos cinco dias", contou a mulher.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou na semana passada o relatório de uma investigação sobre violência sexual nos ataques terroristas sofridos por Israel em outubro de 2023. De acordo com o relatório da ONU, socorristas relataram ter descoberto no kibutz Kfar Aza corpos nus de mulheres com as mãos amarradas e com ferimentos de tiro na cabeça, um padrão recorrente observado nos atentados de outubro de 2023. Os investigadores da ONU concluíram que alguns reféns levados para Gaza foram submetidos a várias formas de violência sexual.
O marido de Aviva continua no cativeiro e as estimativas são de que, das 253 pessoas sequestradas, cerca de 130 ainda estejam em poder dos terroristas, e nem todas vivas.