16.04.24 | Mundo

"Oriente Médio: vários tabus foram quebrados, com enormes riscos"

Em sua colunista no portal da revista VEJA, Vilma Gryzinski analisa o cenário geopolítico no Oriente Médio após os ataques do Irã a Israel. Leia na íntegra:

O alívio é mundial, mas as consequências do ataque em massa do Irã, com drones e mísseis, ainda vão se desdobrar no tempo.

Algumas constatações:

1. O Irã quebrou o tabu de atacar Israel praticamente sem risco de retaliação, devido ao peso dos Estados Unidos para não deixar que se precipite uma escalada descontrolada.

2. A defesa foi nada menos do que espetacular, mas sem os americanos e os outros aliados, incluindo Grã-Bretanha e até Jordânia, Israel não conseguiria isoladamente blindar o país por completo.

3. Tudo no Oriente Médio vem com uma conta. E a dependência de Israel terá um preço alto, a ser visto proximamente pelos desdobramentos em Gaza e outros focos de extrema instabilidade.

4. Ironia das ironias: quem garante hoje a segurança do Irã contra uma retaliação são os Estados Unidos, “o grande Satã” na definição habitual do regime dos aiatolás. Também foi Joe Biden que “segurou” o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no auge da tensão. Os dois países também se comunicaram através da Turquia e da Suíça antes do ataque com drones e mísseis – ou “envio”, na definição farsesca do Itamaraty, como se as armas de alta letalidade fossem encomendas da Amazon.

5. A surpreendente participação da Jordânia também terá um preço, dos dois lados do balcão. Os americanos terão que recompensar o pequeno aliado por ter derrubado “objetos voadores”, na fantástica declaração de Amã, que entraram em seu espaço aéreo. E o Irã buscará vingança. Anotando-se que metade da população jordaniana é de palestinos altamente suscetíveis à radicalização.

6. Na crise, as surpresas afloram. Benny Gantz, o centrista no qual os Estados Unidos apostam para substituir Benjamin Netanyahu, defendeu um revide ao Irã no momento em que os drones e mísseis estava a caminho. Foi voto vencido. Depois, disse que Israel vai “cobrar a conta” no momento certo.

7. “Defesa impressionante. Agora, é hora de atacar”, disse um antípoda de Gantz, o ultranacionalista Itamar Ben Gvir. Sem ele, o governo Netanyahu desaba.

8. Israel mandou uma mensagem de força ou de vulnerabilidade? Os dois, ao mesmo tempo. Qual prevalecerá, ainda não sabemos.

9. “Não importa como uma defesa é boa, não basta para conseguir a vitória”, resumiu o analista de defesa Yaakov Katz. É uma das verdades permanentes das guerras.

10. Sem retaliação, o regime iraniano vai tentar de novo. Com retaliação, Israel corre o risco de queimar as pontes com os Estados Unidos. Qual será sua opção?

 


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