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20.08.24 | Mundo

Congresso Botânico decide mudar nome científico de plantas com termos racistas e antissemitas

Em decisão inédita, o Congresso Botânico Internacional decidiu mudar os nomes científicos de mais de 200 plantas por fazerem referência a termos considerados racistas e antissemitas. A decisão foi tomada por um comitê de especialistas durante o Congresso Botânico Internacional (IBC), realizado em Madrid, em julho, segundo noticiou a revista Casa e Jardim.

Em busca de corrigir um erro ortográfico e histórico, os nomes de mais de 200 espécies de plantas vão ser alterados para remover o termo “caffra”, considerado uma ofensa racial grave em países sul-africanos, e substituídos por “affra”. O Congresso decidiu também criar um comitê que avaliará futuras propostas de nomes para evitar a adoção de nomenclaturas ofensivas.

Ao longo da extensa lista de nomenclaturas cientificas, diversas delas fazem referências a figuras polêmicas, como Adolf Hitler, ou usam termos antissemitas, como “judeu-errante”.

Outra nomenclatura, traduzida como descrente, foi utilizada para se referir a não muçulmanos, e, depois, adotada para fazer menção a escravos africanos. Na ciência, a palavra foi incorporada para batizar espécies descobertas no continente africano, sem levar em consideração que, por lá, seu significado é considerado ofensivo e seu uso pode ser penalizado com prisão por calúnia racial.

Mudanças como essa só costumam ocorrer quando há uma forte justificativa científica, como um equívoco em relação ao local onde a espécie foi descoberta. Pela primeira vez, no entanto uma razão social foi adotada como base para a modificação — a aprovação foi decidida por 351 votos contra 205. A decisão passa a valer em 2026, quando também será instaurada uma comissão de ética que avaliará novos nomes científicos.

Exposição aborda preconceitos

A exposição de Giselle Beiguelman “Botannica Tirannica” – atualmente em cartaz ao Sesc Taubaté – passou um ano no Museu Judaico em São Paulo, depois de percorrer Karachi, no Paquistão, e Trieste, na Itália. Botannica Tirannica usa o mundo vegetal para questionar a naturalização dos preconceitos e as relações entre a ciência e o colonialismo na classificação das espécies. O foco do projeto são os processos de nomenclatura (científica e popular) que utilizam termos preconceituosos contra diversos grupos étnicos e sociais – entre eles negros, indígenas, judeus, ciganos, LGBTQIA+, mulheres e idosos. A exposição é fruto de um longo processo de pesquisa, que mapeou milhares de plantas nomeadas pejorativamente como judeu-errante, orelha-de-judeu, maria-sem-vergonha, peito-de-moça, malícia-de-mulher, catinga-de-mulata, ciganinha, chá-de-bugre, cabelo-de-negro, língua-de-sogra e cabeça-de-velho.


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