21.08.24 | Mundo
“Por que julgamentos de nazistas, ainda que em idade avançada, são importantes”
Alexandre Schossler e Érika Kokay explicam, em matéria na revista Deutsche Welle, que na Alemanha os crimes de assassinato e de cumplicidade em assassinato não prescrevem – uma decisão tomada justamente tendo em vista os crimes cometidos no período nazista.
Além disso, diz o texto, juristas afirmam que um julgamento como o da ex-secretária Irmgard Furchner, de 97 anos, é importante para a paz jurídica, decorrente da sensação de que a justiça foi finalmente feita. Parentes têm se manifestado sobre isso nos tribunais. Eles dizem que não estão interessados em sentenças altas para os criminosos, mas que esses casos sejam finalmente levados a julgamento.
"Para os sobreviventes dos campos de concentração e extermínio alemães, a decisão judicial [sobre a ex-secretária] não é apenas de grande importância simbólica", diz o vice-presidente do Comitê Internacional de Auschwitz, Christoph Heubner. "Eles esperam sobretudo que todas as lembranças, observações e testemunhos que eles, como sobreviventes e vozes de seus parentes assassinados, deram para o restabelecimento da verdade sejam considerados no julgamento da mais alta corte."
Diante do pequeno número de criminosos nazistas que chegaram a ser julgados na Alemanha, julgamentos como o atual são de especial importância para que haja um sentimento de justiça entre os parentes das vítimas e sobreviventes, acrescentou Heubner. Tanto mais se for levado em conta que muitos outros criminosos nazistas, também responsáveis pelo aparato da morte dos campos de concentração, nunca estiveram num tribunal alemão. "Em vez disso, puderam desfrutar em paz de suas aposentadorias."
O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, também afirmou que, para os sobreviventes do Holocausto, é "extremamente importante que haja uma forma de justiça, ainda que tardia". Para ele, o judiciário da Alemanha enviou uma mensagem clara com a sentença desta terça-feira: "Mesmo quase 80 anos após a Shoah, não há um ponto final para os crimes nazistas. Assassinato não prescreve: nem legal nem moralmente".