Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a extrema-direita venceu as eleições legislativas na Áustria. O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ, na sigla em alemão), fundado por ex-nazistas, cujo líder adotou o apelido usado por Adolf Hitler, venceu as eleições nacionais da Áustria neste domingo (29). O FPO obteve 29% dos votos, o dobro do número desde a última eleição em 2017. O partido de centro-direita que atualmente lidera o governo ficou em segundo lugar e os partidos de centro-esquerda e de esquerda tiveram resultados fracos, segundo noticiou o Jewish Telegraphic Agency (JTA).

As negociações para formar uma coalizão de governo começaram nesta segunda-feira (30), um dia depois da histórica vitória do FPÖ, cujo líder Herbert Kickl não tem garantias de assumir o país.

Os líderes dos outros partidos já anunciaram que não pretendem entrar numa coligação com o FPÖ, uma vez que o seu líder, Herbert Kickl, disse querer ser visto como “Volkskanzler”, um termo que significa “chanceler do povo” que Hitler usou para se autodefinir. A FPO foi fundada na década de 1950 por ex-membros do grupo paramilitar nazista SS.

Antes das eleições, a União dos Estudantes Judeus Austríacos alertou que o FPO representa um perigo para os judeus e outras minorias no país. “Como jovens judeus, enfrentamos frequentemente a trágica questão de quem nos teria escondido durante a o período nazista”, disse Alon Ishay, presidente do grupo, numa declaração partilhada pelo Congresso Judaico Europeu. “A resposta do líder do FPÖ é breve e assustadora: Herbert Kickl ter-nos-ia deportado”.

A onda de avanços da extrema-direita em vários países europeus é impulsionada em grande parte pelo crescente sentimento anti-imigrante e pelo descontentamento com os partidos governantes, segundo avaliam especialistas.