22.10.24 | News-Notícias
Doações para Harvard caem 15%, após instituição ser acusada de não combater antissemitismo
Reportagem do portal Bloomberg publicada na versão online de O Globo afirma que bilionários reduziram as doações para a universidade Harvard devido à leniência da instituição acadêmica, a de maior prestígio nos EUA, com os protestos estudantis anti Israel e de cunho antissemita.
No ano fiscal encerrado no último dia 30 de junho, o volume arrecadado caiu para cerca de US$ 1,2 bilhão, 15% a menos do total arrecadado em 2023 e a maior queda em 9 anos.
Alguns dos maiores doadores, incluindo os bilionários Len Blavatnik e Ken Griffin, suspenderam as doações no ano passado, assim como outros graduados menos ricos. O fundo patrimonial de Harvard compensou parte do prejuízo quando a faculdade mais antiga e mais rica dos EUA enfrentou o impacto financeiro do ano mais tumultuado das últimas décadas nos campi americanos. O fundo, agora avaliado em US$ 53,2 bilhões, registrou um retorno de investimento de 9,6%, o melhor em três anos, e proporcionou um “impulso bem-vindo”, disse a Diretora Financeira Ritu Kalra.
Mas ela advertiu que as despesas futuras precisarão ser controladas, já que os aumentos de custos novamente ultrapassaram o crescimento da receita. “O ritmo de nossos gastos recentes ressalta a necessidade de prudência no futuro”, disse Kalra em uma discussão sobre as finanças de Harvard publicada no site da universidade.
Alguns desembolsos estão vinculados a investimentos em recursos tecnológicos, inteligência artificial e instalações no campus que se destinam a promover o crescimento futuro, disse ela. Ainda assim, o crescimento dos gastos foi impulsionado principalmente por custos de remuneração mais altos.
A universidade encerrou o ano fiscal com um superávit de US$ 45,3 milhões e está gastando mais em ajuda financeira, especialmente para os alunos de graduação da Harvard College.
Assim como outras faculdades dos EUA, a escola sediada em Cambridge, Massachusetts, tem passado por turbulências desde o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 e a subsequente invasão de Gaza pelo Estado judeu.
A ex-presidente de Harvard, Claudine Gay, demorou a condenar os comentários de grupos de estudantes que atribuíram a culpa do ataque do Hamas exclusivamente a Israel. Gay renunciou ao cargo em janeiro após uma aparição muito criticada perante um painel do Congresso e alegações de plágio em seu trabalho acadêmico.
Desde que deixou o cargo, a maneira como Harvard lidou com o antissemitismo no campus permaneceu sob escrutínio por parte de legisladores e da comunidade universitária. O atual presidente de Harvard, Alan Garber, tem se encontrado com doadores e ex-alunos em um esforço para reparar os danos.
O volume de doações deste ano foi o mais baixo desde o ano fiscal de 2015, quando Harvard arrecadou um pouco mais de US$ 1 bilhão.