24.02.25 | Mundo

“Hamas transforma entrega de cadáveres em propaganda macabra”

Editorial de O Globo publicado neste domingo (23) aborda a crueldade desumanidade  do grupo terrorista Hamas na devolução dos corpos de crianças e idoso israelenses e adverte: “Enquanto o grupo terrorista mantiver controle sobre Gaza, qualquer paz continuará um sonho distante”. Leia a seguir a íntegra do texto:

No fatídico 7 de outubro de 2023, correram o mundo imagens de uma mãe israelense tentando proteger os filhos, um bebê de 9 meses e o irmão de 4 anos, no momento em que eram sequestrados por terroristas palestinos no kibbutz Nir Oz, na fronteira de Israel com Gaza. O olhar daquela mãe se tornou símbolo do desespero da sociedade israelense diante da crueldade do grupo terrorista Hamas. Mais de 500 dias depois, o mundo obteve mais uma prova do ponto a que pode chegar tal crueldade.

Como parte do acordo de cessar-fogo que envolve a libertação de reféns ainda vivos e a entrega do cadáver de mortos, o Hamas encenou na quinta-feira passada outra pantomima em que tenta cantar vitória sobre as ruínas de uma Gaza devastada pela reação israelense a seus ataques. Homens armados, uniformes escuros, a cabeça coberta por balaclavas e adornada por faixas, dispuseram quatro caixões sobre um palco coberto de pôsteres e propaganda. Antes de entregá-los à Cruz Vermelha, fizeram uma exibição de armas diante de uma multidão de palestinos, com crianças aplaudindo e entoando gritos de guerra. “A parada de cadáveres como vista é cruel, horrenda e se choca frontalmente com a lei internacional”, afirmou o Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU. São proibidos, disse, “tratamento cruel, desumano ou degradante, garantindo respeito à dignidade de mortos e famílias”.

Em dois dos caixões, estavam os corpos de Kfir e Ariel Bibas, os irmãos que aparecem nas imagens do 7 de Outubro. O Hamas informou que um terceiro caixão continha o cadáver da mãe deles, Shiri, mas testes genéticos revelaram que era mentira. O próprio Hamas reconheceu e devolveu o cadáver dela no dia seguinte. Os terroristas atribuíram a bombardeios israelenses a morte dos três. Legistas israelenses constataram que Kfir e Ariel foram mortos selvagemente pelos terroristas com as próprias mãos, aos 10 meses e 4 anos de idade respectivamente (Israel informou que fornecerá a perícia para verificação). O pai, Yarden, sequestrado e libertado numa rodada anterior, se recusava a acreditar que os dois filhos e a mulher estivessem mesmo mortos.

Ontem (sábado, 22), o Hamas libertou os últimos seis reféns vivos que constam da atual fase do acordo de cessar-fogo. Faltam ainda quatro mortos. O Hamas ainda mantém, pelas informações disponíveis, dezenas de cadáveres e pelo menos 24 outros reféns vivos, cuja libertação é esperada para a próxima fase, em troca do fim dos ataques israelenses e de planos para a reconstrução de Gaza.

O quarto caixão devolvido pelo Hamas na quinta-feira continha os restos mortais de um dos fundadores de Nir Oz, o ex-jornalista Oded Lifshitz, morto aos 83 anos depois de sequestrado no 7 de Outubro. Ativista de direitos humanos, sionista, Lifshitz era conhecido pela militância em favor de um Estado palestino e por levar palestinos de Gaza para receber tratamento médico em Israel. É gente como ele e como a família Bibas que o Hamas quer destruir. Enquanto o grupo terrorista mantiver controle sobre Gaza, qualquer paz continuará um sonho distante.


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