09.04.25 | Mundo
Região francesa da Suíça registra aumento de 90% nos casos de antissemitismo
Um novo relatório da Coordenação Intercomunitária contra o Antissemitismo e a Difamação (CICAD) revelou a ocorrência de cerca de 2.000 casos de antissemitismo na região de idioma francês da Suíça em 2024. Os 1.789 incidentes representam o maior número registrado desde 2014, indicando um aumento de 90% em relação a 2023.
Mais de metade (52,5%) dos casos foi classificada como formas "tradicionais" de antissemitismo, enquanto 14,4% estavam vinculadas ao antissionismo. O aumento é atribuído à guerra Israel-Hamas, desencadeada após os ataques terroristas e 7 de outubro de 2023. O número de incidentes cresceu de forma acentuada a partir de maio de 2024, coincidindo com o início da ação israelense em Rafah, em 6 de maio de 2024.
Mais de 72% dos incidentes de antissemitismo registrados em 2024 ocorreram nas mídias sociais, como Instagram, Telegram e X/Twitter, seguindo os padrões identificados em anos anteriores, conforme dados da CICAD, da Federação Suíça de Comunidades Judaicas (SIG) e da Fundação contra o Racismo e o Antissemitismo, de acordo com informações do Jerusalem Post.
A CICAD destacou um “aumento alarmante” nos atos antissemitas direcionados a estudantes judeus, com um crescimento significativo de incidentes envolvendo discurso de ódio, intimidação e agressões. Entre os casos relatados, alunos foram alvo de comentários como: “Voltem para Auschwitz” e “Vocês são ruins na escola porque são judeus”.
Cartazes com o slogan “Intifada jusqu'à la victoire” (Intifada até a vitória) foram exibidos no campus da Universidade de Genebra a partir de 16 de outubro de 2023, menos de duas semanas após os ataques de 7 de outubro. Slogans semelhantes também surgiram em outras universidades em locais de língua francesa.
Em espaços públicos, houve numerosos relatos de pichações, cartazes e símbolos antissemitas, especialmente em Genebra e Lausanne. Inscrições como “Morte aos judeus” foram registradas em diversos centros urbanos e áreas verdes, refletindo uma disseminação de mensagens de ódio contra judeus semelhante à observada em outras cidades europeias, como Amsterdã.
Genebra alcançou um marco legislativo significativo em junho, quando 85% de seus cidadãos aprovaram a proibição de símbolos nazistas em locais públicos. Contudo, especialistas alertam que uma implementação rigorosa será crucial para assegurar sua eficácia.