22.04.25 | Mundo
Morre, aos 100 anos, o sobrevivente do Holocausto Walter Frankenstein
O sobrevivente do Holocausto Walter Frankenstein morreu, na segunda-feira (21), aos 100 anos, segundo noticiou a ABC News. Frankenstein, que sobreviveu à perseguição nazista escondendo-se em Berlim com sua esposa e filhos pequenos, passou os últimos anos de sua vida dando palestras e educando jovens para manter a memória do Holocausto. A sua morte foi anunciada pelo amigo Klaus Hillenbrand, que escreveu um livro sobre a história de Frankenstein
Walter Frankenstein nasceu em 1924 em uma família judia em Flatow, Prússia Ocidental. Quando, a partir de 1936, não lhe foi mais permitido frequentar a escola pública local, seu tio encontrou para ele uma vaga no Orfanato Auerbach, em Berlim, onde conheceu sua futura esposa, Leonie Rosner.
Frankenstein tinha 14 anos quando um policial foi ao orfanato onde ele morava em Berlim, pedindo a todas as crianças que deixassem o prédio imediatamente porque "algo ruim aconteceria” naquela noite.
Era 9 de novembro de 1938, quando ocorreu a Noite dos Cristais Quebrados, episódio que antecedeu ao Holocausto. Mais tarde, naquela noite, ele subiu no telhado do orfanato e viu o fogo iluminando a cidade.
“Então soubemos: as sinagogas estavam pegando fogo”, disse ele. “Na manhã seguinte, quando tive que ir para a escola, havia cacos de vidro por toda parte nas ruas”, contou ele em uma entrevista.
Mataram pelo menos 91 pessoas e vandalizaram 7.500 estabelecimentos judaicos. Também queimaram mais de 1.400 sinagogas, de acordo com o memorial do Holocausto Yad Vashem, em Israel.
Na ocasião, cerca de 30.000 judeus foram presos, muitos levados para campos de concentração como Dachau ou Buchenwald. Centenas de outros cometeram suicídio ou morreram em consequência dos maus-tratos sofridos nos campos anos antes do início oficial das deportações em massa
Walter Frankenstein escondeu-se com a sua família durante 25 meses em Berlim, onde se mantiveram, ora junto com amigos, ora refugiando-se em edifícios já bombardeados.
Quando, em 1945, a União Soviética tomou Berlim, os filhos de Frankenstein estavam entre os sobreviventes judeus mais jovens - num total de 25 crianças.
Após a Segunda Guerra, a família Frankenstein emigrou para o território, onde hoje é Israel. Em 1956, mudaram-se para a Suécia, onde permaneceram.
Walter regressou a Berlim várias vezes ao longo dos anos e chegou a ir a várias escolas para contar a sua história. Em 2014, foi condecorado com a Ordem de Mérito.
Nos últimos anos, sempre que ia à Alemanha levava consigo uma caixa azul que continha a sua estrela judaica, assim como o colar da Ordem de Mérito.
"A primeira marcou-me. A segunda honrou-me", dizia ele.