O papa Francisco sempre teve relação de proximidade com Israel e com a comunidade judaica. Às vésperas deste Pessach, o papa e o rabino-chefe de Roma, na Itália, Riccardo Di Segni, trocaram mensagens, na quinta-feira (17), desejando boa Páscoa e destacando a amizade entre as duas mais altas autoridades religiosas. “Quero desejar ao senhor [Di Segni] e à comunidade judaica em Roma o mais cordial e fraterno voto de boa Páscoa. Que o Deus da misericórdia os acompanhe com sua bênção e lhes conceda paz e harmonia", escreveu o pontífice ao rabino, pedindo ainda para que os judeus em Roma rezassem por ele.

Em setembro de 2022, o Papa Francisco recebeu um grupo de 40 líderes da comunidade judaica mundial – incluindo o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg. Na ocasião, Francisco falou sobre sua preocupação com os conflitos no Oriente Médio: 'Os cristãos estão sendo perseguidos, discriminados, expulsos. Em outras épocas, aconteceu com judeus: agora, é conosco', disse. 'Estamos vivendo a Terceira Guerra Mundial, não de uma vez, mas por partes. O perigo é para toda a humanidade. A oração deve ser global', acrescentou o papa.

Sobre o encontro, Claudio Lottenberg destacou: "Foi uma oportunidade única para a comunidade judaica expressar sua solidariedade ao povo cristão, principalmente por conta da onda de intolerância alimentada por radicalismos. O mundo caminha de forma pouco convergente, e a intolerância e a falta de diálogo não permitem avanços no respeito às diferenças. Perguntei ao papa sobre o que fazer quando aqueles que nos provocam e nos prejudicam não querem usar o diálogo para buscar sinergias. Francisco foi claro e me disse que diálogo se trava com quem quer dialogar. Nestes casos, afirmou ele, o melhor é: deixá-los a sós e pedir a Deus que os ilumine para que mudem de atitude. Tenho fé em uma sociedade melhor. Quem sabe o resgate da fé, independente de ritos ou crenças, possa servir para ampliar o diálogo, aproximar os diferentes povos e valorizar suas virtudes".

O papa também mantinha contatos frequentes com representantes do Congresso Judaico Mundial (CJM) do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL). Em 2023, recebeu em audiência o presidente do CJM, Ronald Lauder. Na pauta, a luta contra o antissemitismo e as perseguições religiosas no mundo.

Em relação ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o papa manteve uma postura clara em defesa da vida e dos direitos humanos. Ele condenou veementemente o terrorismo do Hamas e a guerra em Gaza, como consequência dos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, clamando pela libertação imediata dos reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza e pelo fim do conflito. Em diversas ocasiões, afirmou que “toda guerra é uma derrota” e que “o terrorismo e a violência jamais podem ser justificados”.

Em 2014 visitou Israel. Ao desembarcar em Tel Aviv, foi recebido pelo então presidente Shimon Peres e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. De lá, seguiu para Jerusalém, onde se reuniu com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, líder da Igreja Ortodoxa.

O papa foi amigo próximo do rabino argentino Abraham Skorka, com quem conviveu por mais de 20 anos no período em que os ambos viviam em Buenos Aires. O repórter Henrique Cymerman acompanhou, no Vaticano, em julho de 2013, o encontro do Papa com o rabino Abraham Skorka. O rabino contou, na ocasião, que ele e o Papa, cada um com a sua religião, queriam fazer a diferença e transmitir uma mensagem de união entre o cristianismo e o judaísmo.