12.05.25 | Mundo
Museu do Holocausto acompanha investigação sobre descoberta de mais de 80 caixas com propaganda nazista em porão da Suprema Corte argentina
A Suprema Corte de Justiça argentina revelou no domingo (11) que encontrou em seu porão 83 caixas com material nazista confiscado pelas autoridades do país durante a Segunda Guerra. As caixas, com vasto material de propaganda nazista, teriam sido enviadas da Turquia para a Argentina em 1941 pelo corpo diplomático da Alemanha.
Contendo cartões-postais, fotografias e material de propaganda do regime nazista, além de milhares de cadernos pertencentes ao partido nazista, as caixas chegaram ao país a bordo do navio a vapor japonês "Nan-a-Maru", segundo a reconstrução histórica feita pelo tribunal, conforme comunicado oficial divulgado pelo jornal argentino Clarín.
O presidente da Corte, Horacio Rosatti, determinou a análise minuciosa e preservação do material. "Ao abrir uma das caixas, identificamos material destinado a consolidar e propagar a ideologia de Adolf Hitler na Argentina durante a Segunda Guerra Mundial", afirmou em nota o tribunal.
No ato formal de abertura das caixas estiveram presentes o Grande Rabino da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), Eliahu Hamra; o diretor executivo do Museu do Holocausto de Buenos Aires, Jonathan Karszenbaum, e a pesquisadora Marcia Ras, do museu da Corte Suprema.
Marcelo Mindlin, presidente do Museu do Holocausto de Buenos Aires, convocado para colaborar na pesquisa do material, afirmou que espera que o trabalho auxilie na descoberta de novos indícios das atividades nazistas na Argentina. “Uma das tarefas do museu tem a ver com vincular a história do Holocausto e do nazismo à do nosso país, e estes objetos podem nos dar a possibilidade de aprofundar sobre o que já conhecíamos e nos revelar novos detalhes”, afirmou Mindlin, citado pela agência Associated Press (AP).
Não está claro por que os itens foram enviados à Argentina ou que medidas, se é que houve alguma, a Suprema Corte adotou na época.
Mas acredita-se que o grande volume da remessa chamou a atenção das autoridades à época, por temerem que o seu conteúdo pudesse comprometer a neutralidade da Argentina na guerra.
O que se sabe é que a diplomacia alemã insistiu na devolução das caixas para reenvia-las à embaixada em Tóquio. A situação resultou em um processo judicial que determinou o confisco das caixas em 13 de setembro de 1941. O conteúdo completo de todas as caixas ainda não é conhecido, pois apenas algumas foram abertas num primeiro momento.