18.08.25 | Mundo

“Imagens a serviço da guerra de narrativas”

Em artigo publicado em O Globo no domingo (17), o major (da reserva) Rafael Rozenszajn, que já atuou como porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDFs), aborda a guerra de narrativas sobre o conflito em Gaza e diz que muitas imagens que circulam como prova da desnutrição em Gaza são de pessoas com condições médicas especiais. Leia a seguir a íntegra do texto:

O combate à desinformação exige que façamos perguntas difíceis, especialmente quando confrontados com imagens que provocam reações intensas. A onda de reportagens sobre a situação em Gaza, culminando com fotografias de crianças em estado de desnutrição, merece análise cuidadosa para compreender o contexto completo dos fatos.

Esse tipo de mídia emergiu no momento em que o Hamas enfrentava pressão dos Estados Unidos para aceitar um cessar-fogo. Quando grupos terroristas se veem encurralados diplomaticamente, recorrem à manipulação da opinião pública internacional por meio de narrativas construídas. A estratégia é conhecida: usar o sofrimento civil como arma de propaganda.

O caso da criança Mohammed Zakaria al-Mutawaq ilustra como as narrativas podem ser construídas. O New York Times teve de fazer uma correção informando que, na verdade, o menino de 18 meses sofre de uma doença genética degenerativa preexistente, com paralisia cerebral e distúrbios no desenvolvimento muscular e cerebral.

O jornalista David Collier descobriu ainda que imagens circulando como prova da desnutrição são de pessoas com condições médicas especiais — paralisia cerebral, distrofia muscular —, que transcendem questões nutricionais.

Nas últimas semanas vieram a público imagens do menino Abdullah Abu Zarqa, de 4 anos, acompanhadas da informação de que sua condição se devia à fome. Na verdade, ele sofre de uma doença genética que causa deficiência de vitaminas e minerais, osteoporose e enfraquecimento dos ossos.

Outras imagens dão conta de que Karam al-Jamal, de 27 anos, teria morrido de desnutrição. Ele sofria desde a infância de distrofia muscular e paralisia parcial, que provocava dificuldades para engolir.

Contrariando as narrativas, desde o início do conflito Israel facilitou a entrada de mais de 90 mil caminhões de ajuda humanitária, em coordenação com países e organizações internacionais. O problema está na distribuição — sabotada pelo Hamas. Documentos comprovam que o grupo terrorista rouba ajuda humanitária, vendendo alimentos ou exigindo juramento de lealdade em troca do acesso.

Israel enfrenta um grupo terrorista que dispara mísseis contra civis, tenta contrabandear armas e recebe apoio militar do Irã. Enquanto Israel é alvo de mais de 70% das resoluções da ONU, genocídios reais ocorrem no Iêmen, Sudão, Etiópia e Síria. O verdadeiro crime contra as crianças de Gaza é cometido por quem as usa como escudos humanos — definição literal de crime de guerra.

Desde que tomou Gaza, o Hamas teve 17 anos para construir um futuro para as crianças palestinas. Em vez disso, escolheu o caminho da violência perpétua. Ao se revelarem números de mortos e feridos no conflito sem fazer distinção entre civis e integrantes do Hamas, incluindo muitos que se escondem por trás de crachás de médicos, da imprensa, de educadores ou de representantes de entidades voltadas à ajuda humanitária, já deveria estar claro para muitos como o jogo se apresenta. Como sociedade, temos de questionar fontes, verificar fatos e combater fake news.

As crianças de Gaza merecem líderes que priorizem seu bem-estar acima de objetivos terroristas. A paz virá por meio do reconhecimento honesto de que a responsabilidade pelo sofrimento em Gaza recai principalmente sobre aqueles que escolheram governar valendo-se do terror, não da esperança.

Rafael Rozenszajn, advogado especialista em Direito Internacional, major da reserva e autor do livro “Guerra de narrativas”, é o primeiro porta-voz em português das Forças de Defesa de Israel


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