08.09.25 | Brasil
Pesquisa revela que Telegram abriga canais neonazistas e sugere conteúdo a usuários
Levantamento feito pelo pesquisador Ergon Cugler, do Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mapeou 737.783 conteúdos em comunidades neonazistas de 2016 a 2025 em toda a América Latina. O Brasil lidera, com 492 mil publicações do gênero. Atualmente, há 118 mil usuários ativos nesses grupos, sendo 35,2 mil somente no país.
A maioria dos canais é acessível pelo algoritmo do Telegram, que lucra com a exposição do conteúdo. A plataforma recomenda o conteúdo a usuários que interagem com publicações de extrema-direita e teorias da conspiração, como grupos antivacina. Esses ambientes são a porta de entrada para publicações mais extremistas, já que a plataforma identifica a preferência e sugere cardápio em aba intitulada "canais similares".
Foi por meio desse mecanismo que o pesquisador Ergon Cugler encontrou as primeiras publicações nazistas. Ele pesquisava comunidades de conspiração no Telegram e percebeu que, além de esbarrar frequentemente em exaltações a Adolf Hitler e ao partido nazista alemão, era possível acessar facilmente novas comunidades.
Outro problema é que vários canais encontrados pelo pesquisador foram criados há anos, demonstrando falha na moderação do Telegram. As primeiras postagens datam de 2016 e seguem no ar. Vários estão há anos sem atualizações, mas isso, para Cugler, não significa que estejam fora de uso.
"Não importa se lá atrás houve muita postagem e agora não. O ponto é que elas acabam servindo de biblioteca on-line. Não é preciso publicar mais, já tem tudo disponível ali para quem quiser montar um kit nazista em casa", alertou Cugler em declarações publicadas no Correio Braziliense.