“Filho de sobrevivente do Holocausto criou construtora no auge da inflação e agora mira arranha-céus” - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Foto: Divulgação/Linkedin

10.09.25 | Brasil

“Filho de sobrevivente do Holocausto criou construtora no auge da inflação e agora mira arranha-céus”

Matéria de Lucas Agrela em O Estado de S.Paulo desta terça (9) conta a história do empresário judeu Silvio Kozuchowicz, que fundou a SKR em 1985 e decidiu não brigar pelo menor preço nos imóveis, mas pela qualidade, estratégia que atraiu Cyrela como sócia. Diz o texto:

Silvio Kozuchowicz poderia facilmente não ter existido. A sorte foi que seu pai, Kiwa Kozuchowicz, judeu polonês, sobreviveu ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial mesmo após ter passado por vários campos de concentração, incluindo Auschwitz, Buchenwald e Spaichingen. Com o número B‑513 tatuado no braço, Kiwa sobreviveu porque foi considerado apto para o trabalho e teve ajuda de outros prisioneiros.

Silvio nasceu dez anos depois da chegada de seu pai ao País. Da segunda geração de empreendedores imobiliários, Silvio se formou em engenharia civil na USP em 1982, onde chegou a estudar com o comunicador e jornalista Marcelo Tas. Após trabalhar por alguns anos em empresas ligadas ao pai, o empresário deu início à SKR Arquitetura Viva, hoje um dos principais nomes do mercado imobiliário de alto padrão na cidade de São Paulo, começando em uma pequena sala na Av. Faria Lima, alugada de um amigo.

O ano da fundação do negócio, 1985, foi marcado por uma inflação de mais de 200%, o que fez grandes nomes do setor imobiliário reduzirem drasticamente os lançamentos de empreendimentos. Essa foi a oportunidade que Kozuchowicz aproveitou para, inicialmente, fazer projetos de construção a preço de custo, atuando em parceria com outras empresas.

“1984 e 1985 foram anos de paralisação. As grandes construtoras, como Gomes de Almeida Fernandes (hoje Gafisa) e Lindenberg, estavam lançando um empreendimento por ano. Quer dizer, as grandes empresas estavam indo para o mercado com um empreendimento. Então, quem tinha o primeiro projeto no pipeline (planejamento) era quase tão grande quanto elas”, diz.

A empresa sempre teve muito critério para escolher o lugar de cada empreendimento. Para Kozuchowicz, é a localização que define qual projeto deve ser desenvolvido. Por isso, desde o início, a SKR focou em projetos com boa arquitetura e curadoria, concentrando-se em bairros como Jardins, Higienópolis e Pinheiros, para as classes média alta e alta.

Vencer o cenário econômico adverso dos anos 80 foi um teste de fogo pelo qual a SKR passou para viabilizar seus primeiros empreendimentos, o que trouxe aprendizados para lidar com momentos de pressões de custos de construção ou mudanças que impactam economicamente o País, afetando o ambiente de negócios.

“1985 foi um ano de virada. A gente estimava os valores num índice porque a inflação chegava a 40%, 50% ao mês e a gente tinha que conseguir fazer um controle financeiro. Isso foi uma escola, e nos permitiu desenvolver um controle de custos, previsão, planejamento muito importantes para os tempos que vieram depois”, conta.

Com a chegada do Plano Real e a estabilização da economia brasileira, os negócios da SKR passaram a ocorrer de forma mais fluida nos anos 90, levando a uma mudança estratégica para vender empreendimentos a preços fechados, com margens de lucro melhores. Isso acabou despertando o interesse da Cyrela, que viria a ser sua sócia.

Apesar de não ter formação acadêmica em arquitetura, o diferencial da empresa nascente de Kozuchowicz era justamente o seu apreço por projetos arquitetônicos sofisticados. Nos 40 anos da SKR, completados em 2025, a companhia já realizou empreendimentos com grandes nomes do design, como Márcio Kogan, Isay Weinfeld, aflalo/gasperini arquitetos, Alberto Andrade, Sérgio Dávila e Angelo Bucci.

“A nossa luta é ser reconhecido pelo diferencial da qualidade da nossa entrega. O mercado briga só por preços. Claro, somos limitados pelos valores possíveis. É aí que entrega a qualidade de projeto, saber quando ousar nos custos e quando não é necessário”, afirma.


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