“A esperança precisa falar mais alto que o terror” - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
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07.10.25 | Mundo

“A esperança precisa falar mais alto que o terror”

Em artigo no Correio Braziliense desta terça (7), o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, destaca que “dois anos após o 7 de outubro, a memória das vítimas exige de nós algo maior que a indignação: exige esperança. Esperança de ver os reféns retornando aos seus lares”. Leia a seguir a íntegra do texto:

O dia 7 de outubro de 2023 ficará marcado como um dos mais sombrios da história recente. Naquela manhã, o grupo terrorista Hamas lançou uma série de ataques contra Israel, assassinando mais de 1.200 pessoas de diferentes nacionalidades e credos — homens, mulheres, crianças, idosos, judeus, muçulmanos e cristãos. Centenas foram feridos. Mais de 200 sequestrados foram levados para Gaza; dois anos depois, 48 ainda permanecem em cativeiro, privados de liberdade, de dignidade e de contato com suas famílias.

Essa tragédia não foi apenas contra Israel, mas contra a humanidade. Dois anos passados, a lembrança segue como ferida aberta, exigindo de todos nós reflexão e ação.

O recente plano proposto pelo presidente americano Donald Trump talvez não seja a solução definitiva para um conflito tão complexo, mas representa um caminho. Um roteiro que combina pragmatismo e coragem: a devolução imediata dos reféns, a desmilitarização do Hamas, a retirada gradual do Exército israelense de Gaza, a anistia para os atuais combatentes do Hamas, a libertação de prisioneiros detidos em Israel, um comitê de reconstrução supervisionado internacionalmente e a participação de países árabes em uma força de estabilização.

De qualquer forma, é louvável a habilidade política do presidente Donald Trump, que conseguiu reunir em torno de seu plano o apoio de nações europeias, do papa, da Rússia, da China, da Índia, da Autoridade Palestina e de países árabes como Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Jordânia, além da Turquia e da Indonésia.

Trata-se de uma oportunidade real, porque não se limita a palavras: cria marcos verificáveis e traz o apoio inédito de países árabes e muçulmanos dispostos a se engajar. Esse é um divisor de águas. A questão, agora, é de escolha.

Cabe ao Hamas demonstrar se prioriza o bem-estar dos palestinos ou se seguirá preso a delírios jihadistas. Não há como conciliar o sonho legítimo de autodeterminação do povo palestino com uma ideologia que prega a destruição de Israel e o ódio ao povo judeu.

Além dessas alianças, e não menos surpreendente e ainda que sob pressão, é o fato de o Hamas ter aceitado o que dizia ser inaceitável: a libertação dos reféns e, consequentemente, a sua rendição. Ainda que não reconheça, a capitulação do grupo terrorista já representa um reconhecimento de sua derrota, embora ainda não se saiba ao certo que rumos tomará o grupo terrorista após a entrada em vigor do plano de paz para Gaza.

Por isso, deixo aqui um apelo à comunidade que pede pelo fim da guerra e aspira por um Oriente Médio de paz: ergam suas vozes. Pressionem o Hamas a aceitar o acordo. Façam prevalecer a vida sobre a morte, a dignidade sobre a opressão, o futuro sobre o fanatismo. A verdadeira libertação dos palestinos começa pelo fim do sequestro físico e simbólico que o Hamas exerce sobre eles.

Dois anos após o 7 de outubro, a memória das vítimas exige de nós algo maior que a indignação: exige esperança. Esperança de ver os reféns retornando aos seus lares. Esperança de que árabes e judeus, israelenses e palestinos, possam reconstruir um caminho de paz. Esperança de que líderes tenham a coragem de enfrentar extremismos e optar pelo diálogo.

A paz não virá de decretos unilaterais nem de soluções impostas de fora, mas do reconhecimento mútuo da legitimidade de cada povo e do compromisso com a convivência. O plano hoje em discussão não é perfeito — nenhum plano jamais será —, mas é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Esse momento é importante e imprescindível. Evidentemente que o Hamas deve agir de acordo com seu estatuto, que é buscar a destruição do Estado de Israel e a aniquilação de todo o povo judeu. Então, isso justifica uma pressão e, sem esse desarmamento, o processo não vai prosperar. Aliás, não só se desarmar, o grupo tem que se afastar (de Gaza): ou se rende e encerra a guerra, ou, infelizmente e para tristeza de todos, esse processo vai ter seguimento.

Se a história nos ensina que tratados mal conduzidos podem semear guerras futuras, que saibamos, agora, semear reconciliação. Que a lembrança do 7 de outubro não seja apenas de dor, mas também o ponto de partida para um recomeço.

A esperança, afinal, é o maior ato de resistência contra o terror.


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