07.10.25 | Brasil
Senado realiza sessão especial em homenagem às vítimas do ataque terrorista de 7/10
Com a presença de autoridades, políticos, diplomatas e líderes evangélicos e da comunidade judaica, o Senado realizou nesta terça-feira (7) sessão especial para marcar os dois anos do ataque terrorista do Hamas a Israel e para homenagear as vítimas. O evento contou com a presença de lideranças, como Claudio Lottenberg, presidente da CONIB; Ilana Trombka, diretora geral do Senado; Clarita Costa Maia, Doutora em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo; deputado Gilberto Nascimento; Suzana Bennesby, vice-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ); Tamara Socolik, presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB); senador Jaques Wagner; professor Denis Rosenfeld; de Rasha Athamni, Encarregada de Negócios da Embaixada de Israel; de representantes de organizações de afrodescendentes e de embaixadores da Alemanha, Argentina, França, Holanda, Noruega e Zâmbia, entre outros. Rafael Zimerman, o brasileiro que sobreviveu aos ataques do Hamas, emocionou o público presente ao contar sua história.
O senador Sergio Moro , autor da iniciativa que também contou com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbe, abriu e concedeu o evento de forma impecável, manifestando solidariedade às famílias das vítimas e às que ainda aguardam a liberação de seus entes mantidos presos em Gaza. “Hoje estamos aqui reunidos para cumprir um dever que transcende ideologias”, disse Moro, ao lembrar os ataques em que mais de 1.200 pessoas foram brutalmente assassinadas pelo Hamas e outras mais de 200 sequestradas. Moro defendeu o direito de Israel à autodefesa, previsto na legislação internacional. “Infelizmente esses ataques nos remetem a outros crimes perpetrados contra os judeus”.
O senador condenou uma “dupla medida” que relativiza esses crimes e o antissemitismo alimentado pelo conflito em Gaza. “O antissemitismo ofende não só a comunidade judaica, mas toda a humanidade”, disse ele. Elogiou as relações de amizade entre Brasil e Israel e “o importante papel da comunidade judaica em nossa cultura”. “Que a memória nos convoca a responsabilidade de contribuir para um futuro de paz”, destacou.
Após a fala de Moro, um vídeo foi exibido com imagens chocantes dos ataques terroristas.
Claudio Lottenberg, presidente da CONIB, falou em seguida: “Falo em nome dos mais de seis milhões de judeus que sucumbiram no Holocausto e dos que foram brutalmente assassinados em 7 de outubro de 2023. Essa não é uma guerra comum, é consequência de um ataque covarde perpetrado por um grupo terrorista a serviço do Irã”. “Os recursos internacionais destinados à supervisão de Gaza foram usados para a construção de túneis cavados para matar”, enfatizou.
Lottenberg também criticou a atual política externa brasileira. “O Brasil tem tradição diplomática que merece respeito e o Brasil que o mundo respeita é o país que defende a vida”, disse ele ao lembrar a atuação do diplomata brasileiro Osvaldo Aranha, que presidiu a assembleia da ONU que promoveu a criação do Estado de Israel. "O Brasil que vemos hoje prefere patrocinar narrativas ideológicas que alimentam o antissemitismo, fechar as portas à comunidade judaica e ignorar os reféns. E isso é um insulto a nossa história, ao nosso povo. A atual política externa se tornou inimiga de Israel", pontuou, ao enfatizar que o Brasil não pode se aliar a regimes que financiam o terrorismo. "O Brasil precisa recuperar sua tradição de equilíbrio, de dignidade. O nosso país merece mais do que ideologia, dignidade merece, porque esse é o desejo do povo. Que o plano de paz possa abrir espaço para que Israel e um estado palestino possam conviver em harmonia, com reconhecimento à existência e à soberania de cada um", finalizou.
O senador Flavio Bolsonaro também falou na tribuna, destacando as boas relações entre Brasil e Israel e ajuda israelense nas tragédias ocorridas no país, como o episódio de Brumadinho. Criticou as iniciativas que promovem o Hamas. “Se o Hamas baixar as armas a guerra acaba, se Israel baixar as armas o país acaba”, explicou.
Rasha Athamni , Encarregada de Negócios de Israel, abordou a situação dos reféns e defendeu o direito de Israel existir com segurança e prosperar.
O professor Denis Rosenfeld falou sobre “o silêncio surpreendente do governo brasileiro” em relação à posposta de paz apresentada pelo presidente americano. Falou sobre as guerras enfrentadas por Israel e os acordos de paz, que não vingaram, assim como a partilha acordada na ONU, em 29 de novembro de 1947. Lembrou a Resolução 181 (Plano de Partilha), que propôs dividir o Mandato da Palestina em dois estados independentes: um judeu e um árabe, além de um status internacional especial para Jerusalém, foi aceita pelos judeus, mas rejeitada pelos árabes, que não desejavam o Estado de Israel. Falou também sobre a preferência do Hamas por um cessar-fogo, em vez de um plano de paz. Isso porque um cessar-fogo não desarmaria o Hamas e manteria sua estrutura para se rearmar.
O senador Jorge Seif (PL-SC) criticou a iniciativa de países como França, Reino Unido e Canadá de respeito ao estado palestino, sem, antes, haver uma negociação direta com Israel. E destacou que o Brasil deve classificar de forma inequívoca o Hamas como grupo terrorista.
Carlos Reiss , coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba, condenou a relativização da morte de inocentes. “Não se pode ser indiferente com a barbárie”, disse ele, ao lembrar que o Holocausto, que ceifou uma vida de seis milhões de judeus, começou com episódios de antissemitismo.
Rafael Zimerman , o brasileiro que sobreviveu aos ataques do Hamas, foi o ponto alto do encontro. Ele foi aplaudido de pé ao contar a sua história, quando teve que se fingir de morto para sobreviver. "Estava numa festa que celebrava a paz, a coexistência, quando tudo começou. Primeiro, vieram os clarões no céu, que pensaram serem fogos de artifício e depois viram que foram mísseis, algo que o país enfrentou algumas vezes e avisa com o toque de sirenes para buscarmos proteção em abrigos. Mas nesse dia não foi o que aconteceu. Vieram os tiros, gritos e as risadas de terroristas comemorando cada morte". Rafael disse que buscou abrigo em local onde só cabiam 15 pessoas e havia 40. Desses apenas 9 sobreviveram. Lembrou dos brasileiros Karla Stelzer Mendes, Bruna Valeanu e Ranani Nidejelski Glazer, que morreram no ataque e criticaram a decisão do governo brasileiro de retirar o País da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). “Isso foi como jogar lama na memória das vítimas do Holocausto”, destacou. “Hoje estamos esperançosos; a paz parece possível”, pontuável.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) chamou de abomináveis os ataques terroristas de 7 de outubro e liderou o Hamas como grupo terrorista.
O secretário da CONIB, Rony Vainzof, citou o aumento exponencial do antissemitismo e os ataques online a Israel e aos judeus. Revelou que há mensagens nas redes sociais convocando para manifestação de apoio ao 7 de outubro. Citou o canal de denúncias da CONIB e da DSC-Fisesp, que registra uma média de 5,8 denúncias por dias e que no primeiro ano de guerra registrou um aumento de mil por cento. Destacou que os maiores picos acontecem após falas de autoridades públicas. Vainzof finalizou sua fala fazendo dois apelos aos parlamentares: a criminalização de conduta terrorista e a adoção de política nacional de combate ao antissemitismo.
Também falaram com o senador Efraim Filho ; a Doutora em Antropologia Social Anelise Fróes , o senador Magno Malta (PL-ES); o deputado geral Pazuello (PL-RJ) e o deputado federal Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ).
Também participaram do evento o presidente do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), Jack Terpins e 15 representantes da Associação dos Ex-combatentes da FEB (Força Expedicionária Brasileira). São filhos e netos dos que participaram da força brasileira que lutou ao lado dos aliados europeus contra o nazismo durante a Segunda Guerra.
A CONIB agradece a presença e a participação de membros da Associação dos Ex-combatentes da FEB e da Comunidade Evangélica Brasileira e seus líderes que sempre, e principalmente após o massacre de 10/07/23, nos apoiaram.