10.10.25 | Mundo
“A coragem de uma mulher e o valor universal da liberdade”
Em artigo conjunto, os presidentes da CONIB, Cláudio Luiz Lottenberg, e da B’nai B’rith, Abraham Goldstein, destacam a importância de o Prêmio Nobel da Paz ter sido concedido à venezuelana María Corina Machado pela sua determinação e coragem contra um regime autoritário. Leia a seguir a íntegra do artigo:
O Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido à venezuelana María Corina Machado, tem um significado que transcende fronteiras. Ao reconhecer a coragem de uma mulher que desafia um regime autoritário e arrisca a própria liberdade em nome da democracia, o Comitê Nobel faz mais do que homenagear uma trajetória pessoal: ele reafirma o valor universal da dignidade humana.
A escolha não poderia ser mais oportuna. Num continente marcado por desigualdades históricas e por experiências recentes de retrocesso democrático, o gesto é um lembrete de que a liberdade não é um bem adquirido, mas uma conquista que precisa ser defendida todos os dias. Machado encarna esse princípio. Mesmo diante da perseguição política, da censura e da intimidação, ela insiste em permanecer no seu país e lutar por um futuro em que os venezuelanos possam escolher seus líderes sem medo.
Há um simbolismo poderoso no fato de que o prêmio tenha sido atribuído a uma mulher. Em contextos autoritários, as vozes femininas costumam ser duplamente silenciadas: pela opressão do Estado e pelo machismo das estruturas políticas. Ao dar visibilidade à trajetória de María Corina Machado, o Nobel da Paz também ilumina a força das mulheres que, em diferentes partes do mundo, enfrentam governos que confundem poder com violência e autoridade com repressão.
Não se trata de um reconhecimento isolado. Nos últimos anos, organismos internacionais e entidades de defesa dos direitos humanos têm denunciado as violações cometidas na Venezuela: prisões arbitrárias, perseguição a jornalistas, tortura, censura e destruição das instituições democráticas. O país vive uma das maiores crises humanitárias da América Latina, com milhões de cidadãos forçados ao exílio e outros tantos sobrevivendo sob condições de extrema vulnerabilidade.
Diante desse quadro, o prêmio é também um chamado à responsabilidade da comunidade internacional.