Reunidas no RJ, lideranças latino-americanas aprovam declaração conjunta contra o antissemitismo e discurso de ódio - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
Fotos: Divulgação

15.10.25 | Mundo

Reunidas no RJ, lideranças latino-americanas aprovam declaração conjunta contra o antissemitismo e discurso de ódio

O Movimento de Combate ao Antissemitismo (CAM) concluiu seu quinto Fórum Latino-Americano contra o Antissemitismo, o que representa um novo passo fundamental nos esforços regionais para combater discursos e atos de ódio contra judeus. O evento, realizado entre os dias 11 a 14 de outubro, no Rio de Janeiro, teve a participação de 18 países e foi organizado em colaboração com a cidade do Rio de Janeiro, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) e o mandato do vereador Flávio Valle, presidente da Frente Parlamentar de Luta contra o Antissemitismo na Câmara Municipal. Reuniu mais de 1.000 altos funcionários nacionais e locais, líderes religiosos, ativistas comunitários e representantes de organizações judaicas de toda a América Latina para promover uma ação coletiva eficaz contra o antissemitismo crescente.

O fórum coincidiu com a libertação dos 20 reféns israelenses que acertaram em Gaza, dois anos após o massacre de 7 de outubro. Para Shay Salamon, diretor de Assuntos Hispânicos do CAM, no entanto, “7 de outubro não pode ser esquecido”. "Embora estejamos vivendo um momento único, com a liberação de reféns, devemos considerar que o antissemitismo não desaparecerá com o fim da guerra. Será necessário combatê-lo com educação, empatia e ações conjuntas", afirmou.

“Em meio ao preocupante aumento da retórica e da violência antissemitas ao redor do mundo, é mais importante do que nunca que os aliados do povo judeu e do Estado de Israel se unam em uma demonstração de solidariedade”, acrescentou Salamon. “A mensagem desta cúpula é clara — o ódio e a discriminação não têm lugar aqui na América Latina, e os judeus da região não estão sozinhos.”

Lideranças brasileiras

Durante a realização do Fórum, as lideranças brasileiras da comunidade judaica se posicionaram em combate ao antissemitismo. Representando também o Brasil, estava Fernando Lottenberg , comissário da OEA (Organização dos Estados Americanos) para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, que afirmou: "Com os recursos de educação, conscientização e boa informação, buscamos constantemente espaço em cada estado-membro da OEA, através de diversas frentes. Uma dessas frentes é o incentivo constante dos Estados-membros da OEA à definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), para entender e identificar casos de antissemitismo. Mais de 40 países já aderiram, sendo oito deles nas Américas: Estados Unidos, Canadá, Argentina, Uruguai, Panamá, Colômbia, Guatemala e, mais recentemente, Costa Rica, os quatro últimos durante nossa gestão No Brasil, estados e municípios aderiram.

O advogado e assessor da presidência da CONIB, Daniel Bialski, foi o moderador do segundo painel do evento.

No painel de debate, Sergio Napchan, diretor executivo da CONIB, lembrou que mesmo antes de 7 de outubro, já havia um tensionamento, aumento da propagação de ódio aos judeus. “O Brasil historicamente sempre foi um dos países com o menor índice de antissemitismo do mundo, com exceção do período da ditadura de Getúlio Vargas. Alguns membros do regime varguista nutriam simpatia pelos movimentos de extrema direita europeia, especialmente o fascismo italiano. Teve um período que o Estado brasileiro restringiu a imigração judaica para o Brasil. em consonância com o crescimento dos grupos supremacistas americanos e neonazistas europeus A partir de 10/07/2023 com o bárbaro ataque do Hamas, e a resposta do Estado de Israel essa dimensão escala de forma exponencial”.

Diante dessa ameaça crescente à comunidade judaica, dentro e fora do Brasil, o presidente da FIERJ, Bruno Feigelson , afirmou que o Fórum realizado no Rio de Janeiro se tornou não apenas uma programação de alerta, mas um veemente apelo à ação. "Queremos mostrar ao mundo que o Brasil está na linha de frente para combater o ódio e defender os valores de uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva. Não podemos ficar calados", disse.

Flávio Valle , vereador do Rio de Janeiro e presidente da Frente Parlamentar de Luta contra o Antissemitismo na Câmara Municipal, lembrou, durante o Fórum, que essa capital foi a primeira cidade brasileira a adotar oficialmente a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e agora veio a sediar o V Fórum Latino-Americano contra o Antissemitismo, “reafirmando nosso compromisso com a liberdade, a diversidade e os direitos humanos”. Para Flávio, "este Fórum é um apelo à ação, para que nenhuma criança cresça pensando que o preconceito é normal e para que cada cidadão saiba que combater o antissemitismo é defender a democracia."

Representantes da América Latina

Entre os palestrantes internacionais do fórum estavam: Verónica Abad, ex-vice-presidente do Equador; Dr. Franco Fiumara, juiz do Tribunal Criminal da Argentina; Javier Garcia, senador uruguaio e ex-ministro da Defesa; Washington Abdala, ex-presidente da Câmara dos Deputados do Uruguai e embaixador do Uruguai na OEA; e Pilar Rahola, jornalista catalã e presidente do Conselho Consultivo do CAM para a América Latina.

“O antissemitismo não é apenas uma questão judaica, é uma questão para todos nós”, disse Javier Garcia. “Veremos uma mudança em nossa sociedade quando fóruns ou espaços como este começarem a ser organizados por não judeus, porque o antissemitismo atinge o que é mais caro à liberdade — que todos possam expressar suas ideias, suas crenças, sua fé, com liberdade e tolerância.”

Declaração conjunta

Para seguir atuando no combate ao antissemitismo, o Fórum aprovou uma declaração conjunta com os seguintes destaques para a proposição de ações concretas:

Desenvolvimento de Políticas de Tolerância Zero ao Ódio: Foi feito um apelo para que autoridades regionais, nacionais e locais, empresas, entidades cívicas e ONGs de toda a América Latina desenvolvam e implementem políticas de zero ódio, medidas legislativas, ações executivas e regulamentações em redes sociais para identificar e combater manifestações antissemitas.

Adoção da Definição de Antissemitismo da IHRA: Afirmou-se a necessidade vital de ampla adoção e implementação da Definição de Trabalho de Antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), considerada a ferramenta mais eficaz para delinear todas as formas contemporâneas de antissemitismo.

Desenvolvimento de Iniciativas Educacionais e Programas Inter-religiosos: Apoio à criação de programas educacionais e inter-religiosos para construir maior entendimento, respeito mútuo, solidariedade e aliança entre as comunidades judaicas e os diversos povos da América Latina.

Solidariedade com o Estado de Israel: Manutenção da solidariedade constante com o Estado de Israel e respaldo firme ao seu direito de legítima defesa contra ameaças regionais, incluindo o regime iraniano e seus aliados terroristas como o Hamas e o Hezbollah.

Reverência à Memória das Vítimas de Atos Antissemitas: Honrar a memória das vítimas de ataques antissemitas, como o massacre de 7 de outubro, para garantir que tais horrores não se repitam.

Apelo pela devolução de corpos dos sequestrados pelo grupo terrorista Hamas: líderes latino-americanos podem apoiar a exigência sobre o Hamas para que cumpra sua parte no acordo de cessar-fogo.

Responsabilização do Regime Iraniano: Exigência de que o regime iraniano preste contas por suas atividades terroristas globais, incluindo na América Latina, e apoio aos esforços para frustrar suas ambições nucleares.

Rejeição a tentativa de isolamento de Israel: Rejeição de todas as tentativas de isolar e boicotar o Estado de Israel, incentivando o fortalecimento das relações bilaterais entre os países latino-americanos e Israel em áreas como diplomacia, segurança, comércio, tecnologia, desenvolvimento econômico, agricultura e turismo.

Reunidas no RJ, lideranças latino-americanas aprovam declaração conjunta contra o antissemitismo e discurso de ódio - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
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