01.07.22 |
Na Semana da Mulher, a CONIB lembra a trajetória especial de cinco judias
Para marcar a Semana da Mulher, a CONIB rende homenagem a cinco mulheres judias que deixaram a sua marca na história. Conheça um pouco da biografia da primeira-ministra de Israel, Golda Meir: da poetisa e militante Hannah Szenes, da adolescente Anne Frank, vítima do Holocausto e cujo diário inspira gerações até hoje: da juíza da Suprema Corte americana, Ruth Bader Ginsburg, uma defensora incansável dos direitos das mulheres e de Clarice Lispector, uma das grandes escritoras brasileiras. GOLDA MEIR (1898 – 1978), foi primeira-ministra entre 1969 e 1974. Nasceu Golda Mabovitch, em Kiev, Ucrânia. Sua família imigrou para Milwaukee, Wisconsin, nos EUA, em 1906. Lá, por influência de sua irmã Sheyna, passou a atuar no movimento sionista. Também em Wisconsin, conheceu e se casou com o pintor Morris Meyerson. Em 1921, o casal imigrou para a então Palestina e se estabeleceu no kibutz Merhavia. Três anos depois, mudaram-se para Tel Aviv, onde Golda assumiu cargos de liderança na central sindical Histadrut. Às vésperas da criação de Israel, em 1948, foi enviada como emissária secreta à Transjordânia, na tentativa de demover o rei Abdullah de atacar o novo país. Após a fundação de Israel, foi nomeada por David Ben Gurion como embaixadora na União Soviética, depois participou das eleições para o Knesset (Parlamento) e assumiu o ministério do Trabalho no gabinete de Ben Gurion. Em 1956, assumiu o Ministério das Relações Exteriores, onde ficou até 1965. Nesse período Golda “hebraicizou” seu nome de Meyerson para Meir. Em 1968, foi peça-chave para a unificação da centro-esquerda israelense. Um ano depois, com a morte do premiê Levi Eshkol, assumiu o governo. Em 1973, Israel enfrentou a Guerra do Iom Kipur. A comissão Agranat, criada para apurar os erros que levaram o exército israelense a ser surpreendido no ataque do Egito e Síria, isentou Golda e seu ministro da Defesa, Moshe Dayan, de maiores responsabilidades. Mesmo assim, sob forte pressão, ela renunciou em 1974. Uma das mulheres mais poderosas e influentes na história de Israel, Golda Meir morreu em Jerusalém, em dezembro de 1978. Está sepultada na ala dos líderes israelenses, no cemitério do Monte Herzl, em Jerusalém. HANNAH SZENES (1921 – 1944), é uma das heroínas modernas de Israel. Militante, Hannah foi morta, por fuzilamento, durante a Segunda Guerra Mundial, quando participava de uma missão para resgatar judeus húngaros, ameaçados de deportação para campos de extermínios nazistas. Nascida em Budapeste, Hungria, ela imigrou para a então Palestina, onde desembarcou em setembro de 1939, quando a Alemanha já havia invadido a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial. Lá, Hannah alistou-se na Haganá, embrião do futuro exército israelense. Em 1943, tornou-se voluntária para a missão de resgatar os judeus da Europa sob domínio nazista. Como era nascida em Budapeste e conhecia bem a cidade, foi enviada à Hungria para ajudar na fuga dos judeus locais. Ela também recebeu treinamento no exército britânico. Em 1944, após descer de paraquedas na Iugoslávia, ao tentar atravessar a fronteira para a Hungria, ela foi delatada e presa com mais dois companheiros. Ela foi torturada por quase oito meses para entregar códigos de guerra aos nazistas. Mas não o fez. Em 28 de outubro de 1944, foi julgada por conspiração e traição. Com o avanço do exército soviético sobre a Hungria, os juízes que analisavam seu processo fugiram do país. Mesmo sem um veredito final, em 7 de novembro, Hannah foi levada ao pelotão de fuzilamento e executada. Seus restos mortais foram trazidos para Israel em 1950 e enterrados no cemitério de Monte Herzl, em Jerusalém. Em 1993, depois da queda do regime soviético e do bloco socialista, uma corte militar húngara reabriu o processo contra ela e a reabilitou de todas as acusações. ANNE FRANK (1929-1945), nasceu a 12 de junho de 1929 na cidade alemã de Frankfurt. Com a ascensão de Hitler, a família Frank imigra para a Holanda. Em a 10 de maio de 1940, os nazistas invadem a Holanda e começam as leis restritivas para os judeus. O pai de Anne, Otto, teria seu negócio tomado. Em 5 de julho de 1942, a irmã mais velha de Anne, Margot, recebeu um telefonema para se inscrever para trabalhar na Alemanha. Desconfiada, a família decide se esconder e parte para o esconderijo que Otto Frank começara a preparar meses antes, no anexo secreto da sua empresa, no nº 263 de Prinsengracht. Pouco depois, mais quatro pessoas juntaram-se a eles ficaram escondidos por dois anos. Quando fez 13 anos, Anne ganhou o diário em que começaria a narrar a rotina de viver confinada em um espaço apertado, onde convivia com o silêncio e o medo constante. Nas páginas registrava também seus sentimentos, pensamentos e sonhos. Em 4 de agosto de 1944, o esconderijo é descoberto, seus ocupantes presos e deportados. A polícia também prendeu duas das pessoas que os ajudavam. Anne e sua família seguem para Aushwitz e, em novembro de 1944, junto com a irmã, ela é transferida para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Em fevereiro de 1945, ambas morrem de tifo. De todos os habitantes do anexo, apenas Otto, o pai de Anne, sobreviveu. O diário de Anne Frank é por ele pubicado em 25 de junho de 1947. O livro foi traduzido para cerca de 70 línguas e adaptado para teatro e cinema. Em 1960, o esconderijo virou o museu Casa de Anne Frank e a história da adolescente segue inspirando e emocionando gerações. RUTH BADER GINSBURG (1933-2020), juíza da Suprema Corte dos EUA, foi uma defensora apaixonada dos direitos das mulheres, das liberdades civis e do Estado de Direito. Também chamada de 'Notorious RBG' (um trocadilho com suas iniciais e o nome do rapper Notorious B.I.G), Ruth Joan Bader, a segunda filha de Nathan e Cecelia Bader cresceu em um bairro de classe trabalhadora de baixa renda no Brooklyn, Nova York. Ruth Bader Ginsburg tornou-se a segunda juíza da Suprema Corte dos EUA bem como a primeira juíza judia. Ela era considerada parte do bloco liberal moderado da Suprema Corte, apresentando uma voz forte em favor da igualdade de gênero, dos direitos dos trabalhadores e da separação entre Igreja e Estado.  : CLARICE LISPECTOR (1920-1977), nascida Chaya Pinkhasivna, na Ucrânia, chega ao Brasil com a família em 1926, fugida das perseguições antissemitas. Foi aqui que ganha o Clarice, pelo qual ficaria conhecida mundialmente. A família primeiro se estabelece em Alagoas, depois em Recife e por fim, no Rio de Janeiro, onde ela ingressa na Faculdade Nacional de Direito e trabalha como redatora na Agência Nacional e depois no jornal A Noite. Clarice foi casada com o diplomata Maury Gurgel Valente e viveu durante 15 anos em países europeus e nos Estados Unidos. Aos 19 anos, lançou seu primeiro livro, Perto do Coração Selvagem, vencedor do Prêmio Graça Aranha. Após o divórcio, Clarice voltou ao Brasil e escreveu Laços de Família (1960), A Paixão Segundo G.H. (1964), Água Viva (1973) e o seu último título A Hora da Estrela (1977). Sua obra é calcada na temática existencial e psicológica, em que mais pesa o universo pessoal e interior de seus personagens, em especial o das figuras femininas. Clarice obteve reconhecimento em vida e é um dos grandes nomes da literatura brasileira e sua obra, intimista, já recebeu mais de 200 traduções para mais de 10 idiomas.  :