01.07.22 |
Simone Veil (1927-2017), uma pioneira como mulher e como humanista
Simone Veil, sobrevivente do Holocausto, ex-ministra da Saú:de da Franç:a, defensora da lei francesa que legalizou o aborto e primeira mulher eleita como presidente do Parlamento Europeu em 1979, morreu recentemente em Paris.
Ela nasceu em Nice, Franç:a, em 1927. Um dia apó:s sua formatura no Ensino Mé:dio, em 1944, foi presa pelos alemã:es e deportada, com sua irmã: mais velha e sua mã:e, para o campo de extermí:nio de Auschwitz-Birkenau, e depois para Bergen-Belsen. As duas irmã:s foram libertadas em 15 de abril de 1945, mas a mã:e morreu de tifo semanas antes. Outra irmã: sobreviveu, ao esconder sua identidade judaica. Seu pai e seu irmã:o morreram no Holocausto.
Como funcioná:ria do Ministé:rio da Justiç:a francê:s, nos anos 1950, ajudou a melhorar as condiç:õ:es de vida das mulheres prisioneiras, incluindo as argelinas detidas durante a guerra de seu paí:s por independê:ncia. Em 1974, foi nomeada ministra da Saú:de pelo entã:o presidente francê:s Giscard d':Estaing, tornando-se a segunda mulher a ocupar um cargo de gabinete na Franç:a.
Em 1975, praticamente desconhecida, lutou obstinadamente contra um parlamento hostil e a opiniã:o pú:blica dividida para impulsionar um projeto de lei que se tornou conhecido como ":Lei Veil":, tornando a Franç:a o primeiro paí:s de maioria cató:lica :a legalizar o aborto. ":O aborto nunca é: uma vitó:ria":, disse ela na é:poca. ":Eu prefiro dizer que isso é: progresso":.
Deixou o governo em 1979 para concorrer ao Parlamento Europeu, nas primeiras eleiç:õ:es diretas desse ó:rgã:o legislativo. Tornou-se a primeira presidente eleita diretamente e a primeira mulher presidente de qualquer instituiç:ã:o da Uniã:o Europeia.
&ldquo:Como sobrevivente do Holocausto, considero um dever explicar incansavelmente para as geraç:õ:es mais jovens, para a opiniã:o pú:blica e os polí:ticos, como foram mortos seis milhõ:es de homens e mulheres, dos quais um milhã:o e meio de crianç:as, simplesmente porque eles nasceram judeus ":, declarou em 2007, quando publicou sua autobiografia.
Ela criticou o longo atraso na aceitaç:ã:o pelo governo francê:s da responsabilidade pelo assassinato de judeus franceses, cujas deportaç:õ:es foram organizadas pelo regime colaboracionista com sede em Vichy. O Estado francê:s reconheceu seu ":erro coletivo": pelos crimes somente em 1995, sob a presidê:ncia de Chirac, depois de dé:cadas de equí:vocos.
Ao longo das ú:ltimas dé:cadas, as pesquisas de opiniã:o mostraram repetidamente Simone Veil como uma das pessoas mais admiradas da Franç:a.
Apó:s sua morte, o :presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, referiu-se a ela como ":a consciê:ncia da Uniã:o Europeia, a militante contra o antissemitismo e a defensora dos direitos das mulheres":.
O presidente da Franç:a, Emmanuel Macron, enviou a seguinte mensagem à: famí:lia: ":Que seu exemplo inspire nossos compatriotas, que encontrarã:o nela o melhor da Franç:a":.
Simone Veil :fala a manifestantes na frente do Parlamento Europeu,  :em Estrasburgo,  :ano 1980. :Foto: DIvulgaç:ã:o.